sábado, 22 de dezembro de 2007

Natal


“É esta fé que você precisa desenvolver, que se o Divino existe e o chamou para o Caminho, então deve haver uma Guiança divina atrás, e através e apesar de todas as dificuldades você chegará. Não ouvir vozes hostis que sugerem fracasso ou as vozes da impaciência, não acreditar que porque dificuldades estão aí não pode haver sucesso, pois uma vez que um homem tenha esta fé no Divino ele está marcado para o êxito na vida espiritual”
Presente de um amigo

25 de dezembro é apenas o dia do nascimento de um grande guia espiritual. Não é toda essa complicação que a gente faz, cheia de obrigações, pressa, estresse, futilidades com uma pequena dose de hipocrisia.
Lembrando do seu nascimento e da sua vida, deveríamos apenas nos inspirar e gerar motivação para fazer TODOS OS DIAS o que a aura dessa época do ano nos traz: confraternizar, compadecer, olhar de outra forma que nos permita sentir e perceber as nuances do mundo e dos outros.
E com isso tudo deixar brotar uma grande alegria por estar vivo, por ser um veículo da luz e por ter a oportunidade de ter infinitas possibilidades de fazer nosso melhor.
Eu desejo muita fé e lucidez nesse dia, a ponto de sairmos da superficialidade e mergulharmos no Divino que há em nós e no outro.

Hoje o Sol entra em Capricórnio. Hoje é solstício de Verão. E eu, mística e um pouco cética, reverencio toda essa energia que está no ar e todas as possibilidades que estão por vir.
Por hoje agradeço o pão, o trabalho, o amor, a dor e a falta, pois tudo isso me faz muito feliz.


Namastê

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Dias de fúria


Um instinto primitivo se acende por aqui. Muitas vezes pega fogo. No mais impulsiona, agita.
Um grito primal. Dias de fúria, preciso ter cuidado. Me sinto mais inteira por trazer de volta essa energia que eu tentava reprimir e negar há algum tempo. Mas há sinal de perigo...
É delicado canalizar a fúria pois é uma arte domar esse cavalo selvagem. Eu me sinto mais selvagem do que nunca, sem rédeas.
É livre, mas pode parecer agressivo. É integro, mas pode ficar egoísta.
Depois de 29 batalhas, 29 pedras, 29 golpes, a guerreira quer descansar. Só descansar. Respirar o ar fresco, sentir o vento, deitar no mato. Acender fogueira e contemplar o campo de batalha. Mas isso não quer dizer que eu não vá sair galopando de novo...
Essa sensação é muito forte hoje. Muitas mortes, muitas cicatrizes mas eu não sinto dor. Nem tampouco indiferença.
Eu sinto cansaço.
Depois de limpar o sangue, vem o renascimento. Preciso repousar para recebê-lo. Quero estar tranquila com a sua chegada.

Por esses dias, preciso contemplar.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Sobre viagens e amores


Eu adoro os artigos do Contardo Calligaris e vez ou outra cito-os por aqui. Mas esse, em especial, veio em cheio. Recentemente, algumas pessoas começaram a me questionar: "Alê, você quer casar de novo? Ter filhos? O que você quer?" A princípio me senti como se estivesse prestando vestibular novamente, não entendia porque essas respostas tinham que estar prontas assim. Me sentia confusa, 'as vezes um E.T. porque isso não era uma grande questão pra mim... Resultado: eu só conseguia responder o seguinte "Não sei, não penso sobre isso agora. Só sei que quero muito viajar."
Quanto mais me incomodavam esses questionamentos repentinos, mais eles aconteciam e eu sempre respondia "Eu quero viajar". E se eles estavam se repetindo talvez fosse pra cutucar alguma coisa aqui dentro. E agora meus caros, com esse artigo do Contardo eu posso respondê-los e a mim mesma sobre o significado de viajar pra mim, e ao mesmo tempo, o significado do amor e das relações na minha vida.

"O amor e a viagem nos fazem descobrir que há algo, em nós, que não conhecíamos até então."

Ele cita "O Conto da Ilha Desconhecida", de Saramago, onde o protagonista explica seu desejo dessa forma: "Quero encontrar a ilha desconhecida. Quero saber quem eu sou quando nela estiver". Ele prossegue na fábula contando que no fim desse conto o protagonista não encontra a ilha mas uma mulher. E ele faz duas leituras interessantíssimas sobre esse desfecho:

1."Quem casa não viaja (a não ser de férias); casar-se é desistir de viajar. É o que pensam com frequência, homens e mulheres casados. E é também o que os leva, 'as vezes a se separarem. Quando achamos que o outro nos impede de viajar, ou seja, que ele nos priva da aventura de descobrir o que poderia haver de diferente em nós, o casal se torna nosso inimigo. Claro, na maioria dos casos acusamos o casal de uma inércia que é só nossa."

2. "O protagonista descobre que a mulher a seu lado é a própria ilha desconhecida que ele procurava e que a verdadeira viagem é o encontro com um outro amado. Faz todo sentido, pois o amor e a viagem a princípio, têm isto em comum: ambos nos fazem descobrir em nós algo que não estava lá antes. O outro amado nos transforma. Tanto quanto a chegada numa terra incógnita, ele nos revela algo inesperado em nós. Por isso, aliás, o viajante e o amante podem esbararrar em problemas análogos: 'as vezes por sermos transformados pela viagem ou pelo amor, não gostamos do que encontramos, não gostamos do efeito em nós do amor ou da viagem. Essa é, em geral, a única razão séria para se separar ou para voltar de viagem."

Entendo porque muita gente que conheço tem medo de viajar ou precisa de determinadas condições para fazê-lo, isso diz muito sobre como se relacionam. Precisam ter muito controle e para sair do conhecido, apenas com várias condições prévias (me incluí nisso diversas vezes), não querem encontrar o que pode não ser muito bom sobre si mesmos numa viagem ou na relação com o outro. Esse é o grande ponto que percebo no senso comum: querer o pacote (uma pessoa que os complete, um casamento, filhos e a felicidade eterna) e ter tudo milimetricamente controlado para que isso se concretize; porém são incapazes de viajar em si mesmos, a ponto de estarem tão plenos para saberem quem são quando isso acontecer.

Sobre mim, acabo de descobrir que meu fascínio por viagens é meu fascínio pelo amor. Como viagem pra mim não é significado de férias e amor de "pacote", quando me proponho a qualquer um dos dois é por estar sedenta de saber quem eu sou. O que de melhor e pior pode haver em mim, quando lá estiver. E que isso seja ao menos um bom refúgio pra quando a frustração acontecer, a ponto de eu não precisar voltar da viagem, mas prosseguir de outra forma nela.

Além disso, o consentimento da transformação do outro, da nossa e de uma relação é a maior forma de perdão e amor que encontro hoje.

E Contardo conclui brilhantemente:
"Os outros não são nenhum inferno, são uma viagem.
Agora para amar, como para viajar é preciso ter determinação e coragem."

Ah e respondendo definitivamente a essa questão eu quero viajar numa relação, ou uma relação que me permita a viagem. Mas eu preciso viajar ;-)



P.S: Dedicado a todos que me questionaram e a todos que não desistem de suas viagens ;-)

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Entrevista



Vale a pena ler essa entrevista, e todas as outras da série "Homens sem segredo", do Não2Não1 do Gustavo Gitti.
Tomo a liberdade de destacar aqui os trechos mais significativos para mim, e dou a vocês, esperando presenteá-los, assim como fui com esse olhar sensível, delicado e humano que tem o Luide. Que muitos homens se inspirem nessa profundidade.
O link está aí do lado.

"… o impulso não se destrói, mas se reforça e eleva; o desejo não se mata, mas se guia para uma contínua elevação. (…) Que novo espaço darão à vida as mais altas paixões! Quanta sutileza e profundidade de gozos possuirá o homem futuro…” –Pietro Ubaldi

"Não dê às nuvens o valor do céu. Quando miramos as nuvens, vamos juntos com elas: alegres, se claras; tristes quando cinzas. É inevitável que nuvens cinzas se formem. Também é inevitável que as belas nuvens se desfaçam… como agarrá-las? Entretanto, quando nosso foco é mais além, quando miramos o céu, atribuímos àquilo que passa um valor mais exato. Do que é passageiro só nos importa seu teor pedagógico."

"Com um abraço é possível ouvi-la. Um abraço dentro do qual o movimento é livre. Um abraço do qual se pode fugir, mas foge-se, ainda, dentro dele. Com um toque, de início tátil, mas seguindo sutil, é possível ouvi-la da cabeça aos pés; do seu corpo ao seu silêncio; da sua loucura à sua natureza real. As mãos podem ouvir a mulher ao correr seu corpo, mas essa mesma música do corpo é anterior a ele, e é o que sobreviverá a ele."

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Delicadeza



"Diante de uma mulher sensível, inteligente e em sua busca espiritual, minha força bruta, meus desejos sensuais, se acalmam. Surge, em lugar desses transitórios desejos, o respeito e o carinho. Meu mestre estava certo: “Não há força bruta que vença a delicadeza”. E como canta Drummond: “As coisas tangíveis tornam-se insensíveis a palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão”."

Receber essa delicadeza, me fez entender mais a delicadeza e de certa forma conectá-la.
Recuei. Não há força bruta de raiva, de negativdade que vença a delicadeza da minha alma.
Não pode haver força bruta de mentira que vença a delicadeza de um caráter sincero.
A força bruta da dissimulação não pode vencer a delicadeza da autenticidade.
Como ele mesmo disse " uma coisa é caráter, outra temperamento".
Por muitos momentos lembrei de quem sou. De tudo que faz parte de mim. E fiquei feliz.
Alguém mais conseguia ter um olhar compassivo, sensível sobre minhas tentativas de dizer "olha, não sou tudo isso que você diz."
Eu sou cheia de nuances. Eu oscilo, eu danço entre algumas polaridades.
Mas pela primeira vez em anos, me sinto mais confortável nessa pele.
E muitas pessoas têm contribuido incrivelmente para isso.

Obrigada por todos esses olhares generosos que me fazem nascer a cada momento.


"As coisas tangíveis tornam-se insensíveis a palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão”.

sábado, 24 de novembro de 2007

Sobre o vazio

"Apegar-se é o problema, porque quando você se apega não pode ficar vazio.
Não se apegue – essa é a mensagem dessa técnica. Apenas não se apegue a coisa alguma positiva ou negativa porque com o não-apego você encontrará a si mesmo.
Você está aí, mas devido ao apego, você fica escondido.
Com o não-apego você ficará exposto, você ficará descoberto.
Você explodirá."
Osho

Aquela história de quando não se tem mais nada, não se perde nada é muito verdadeira.
Acho que pela primeira vez tenho vivenciado um vazio e um silêncio diferentes.
Por vezes vem a angústia, sensação de isolamento e loucura.
Porém, na maioria dos momentos, uma força inédita, uma liberdade enorme, uma sensação de estar em tudo e com todos, plenitude e integridade.
Não tenho a menor noção do que me espera.
Se há apego, há desespero.
Se há vazio, há conforto e fascinação. Afinal, há muito espaço aqui dentro, será inevitável que venhas.
O que vier é muito bem vindo nessa casa.
A dor, o amor, a solidão, as boas companhias.
Não mais o que encourace e aprisione
Esse ranso, está morrendo.
Sobre ele me deito, inútil proseguir negando.

Mas quando levanto, preciso voar.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Tantas coisas...

Aprender a andar, se sustentar em cima das próprias pernas é uma bela. Para muitos se resume 'a independência financeira.
Para mim se trata de muito, muito mais... Se sustentar em cima das próprias pernas é vivenciado na carne. No desamparo. Na solidão. Quando você passa por tudo isso e mais um pouco e ainda assim levanta, prossegue e age.... uma que liberdade.
Nesses momentos a tristeza e a dor ficam muito pertinho esperando o espaço pra entrar. E elas também devem entrar, não no espaço da liberdade, mas ao lado dela.

Dia desses recebi uma frase muito bonita: "O cactus é muito interessante: os espinhos são apenas na superfície, porque, interiormente, sua capacidade para reter água é, também, sua potencialidade para nos matar a sede"

Isso me fez olhar melhor para duas coisas: capacidade e potencialidade.

A capacidade de se prender é a potencialidade para se libertar
A capacidade de passar pelo sofrimento é a potencialidade para ser feliz
A capacidade de amar a si é a potencialidade de amar a todos

Os espinhos protegem e eles podem ferir. Mas fazem parte da natureza do cactus.
Aquele que enxerga sua capacidade além disso e todo seu potencial conseguirá esperar pela única flor que essa planta, de madrugada, na solidão, vai produzir.
E apenas os olhos sensíveis a apreciarão.

Olhar a capacidade, mas saber apreciar a potencialidade

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Autenticidade

Hoje recebi um presente. De alguém que não conheço, de um olhar muito lindo que lê esse blog.
É um presente porque toda sincronicidade tem sido um presente pra mim. É o mais perfeito sinal de conexão com o Universo.
Falo muito em autenticidade, verdade, honestidade, sinceridade, e quem me conhece sabe disso. São os valores que mais admiro nas pessoas e agora passo a pensar também sobre a simplicidade.
Porque ser autêntico só se dá quando se é verdadeiro. E tudo que inclui verdade é muito simples: Está de acordo com a essência, que é pra onde a gente procura voltar nessa jornada...
É de lá que viemos, de lá que nos perdemos, e conforme a lucidez brota, é para a simplicidade da essência que queremos voltar. É isso que quero dizer com "voltar pra casa".

Compartilho um texto que resume muito bem o que sinto. E que me emocionou demais.
Obrigada Luide, por essse presente.
Precisava muito voltar pra casa hoje.

Namastê

“No meu diário – ou neste meu subsidiário – nada se fará que não se faça em dimensão de absoluta autenticidade. Autenticidade? Que significará essa tão gasta palavra? A autenticidade é a verdade de mim. As mágoas. As irritações. Os possíveis ódios. Mas também as alegrias. A ainda inocência e a ainda ingenuidade, esses restos de infância que a gente querendo bancar o machão esconde com vergonha dentro da gente. A crença em Deus. E na crença em Deus, a também ainda crença nos homens. Os impulsos líricos. Os sonhos. O amor”.

Herberto Sales, em “Subsi Diário”

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Guerreiro

"Todo guerreiro já ficou com medo de entrar em combate
Todo guerreiro já mentiu no passado
Todo guerreiro já perdeu a fé no futuro
Todo guerreiro já trilhou um caminho que não era dele
Todo guerreiro já sofreu por bobagens
Todo guerreiro já achou que não era um guerreiro
Todo guerreiro já falhou em suas obrigações
Todo guerreiro já disse sim quando seu coração pedia que dissesse não
Por isso é que é um guerreiro
Porque passou por esses desafios e não perdeu a esperança de se tornar melhor"



P.S: Ká, dedicado a vc
Não esqueça a guerreira que é.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Now you're flying



"Poder usar sua inesgotável energia porque está livre
E abrir-se para todas as coisas porque está vazio"

A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen

domingo, 11 de novembro de 2007

Retrô


You are never satisfied with what you have.
Maybe you don't know what you want. But you look a little weak, and you can break down at any moment.
You need to cry alone.
There's something in your soul that squeeze yourself. You don't know what it is.
It may be only a sensation. It may pass.
Or it may not.
It's the emptyness ever.
Alê 1993, Diário

" A nostalgia do Paraíso é o desejo do Homem de não ser Homem.
(...) O Idílio, esta imagem que ficou conosco do paraíso..."

Milan Kundera, A insustentável leveza do ser

Resgates, coincidências e muita informação espiritual.
Talvez porque muitos vejam o que eu não vejo.
É chegado o momento da grande batalha. E eu estou face a face contigo.
Caem os véus, e o arqueiro se prepara para lançar a derradeira flecha.
Não há nada óbvio e muito pouco racional. Por isso talvez, as consequências e o caminho pareçam assustadores.
Não há controle, nem tampouco é útil desejá-lo.
Apesar de tudo, é bom estar em meio a tempestade.
O escuro fascina
Os trovões inebriam
Lapsos de uma liberdade sem limites...

O idílio nunca esteve tão claro e forte.
A sua alma talvez nunca tenha experimentado essa sensação imensamente abstrata.
Talvez a loucura seja iminente.

Ou talvez, pela primeira vez em anos e sagas, você esteja experimentando o amargo sabor da lucidez.

Já estou farta da farda antiga.
Me vistam com minha túnica.
Quero mergulhar no mar.


P.S: Dia lindo. Tempo nublado, corpo relaxado e alma leve.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Descoberta


Eu amo o homem que está por vir
Eu sempre amarei esse homem que está por vir
Na medida da surpresa que ele me reserva...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Liberdade

A consciência é um barco que não sabe exatamente onde vai dar e nem tem para onde voltar...





P.S: Avô amado,
Lembrei de ti, vc iluminou esse dia e eu sei que ele foi muito feliz porque vc tava bem pertinho de mim
Meu amor infinito...

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Fugaz


"Amo o amor que se reparte
em beijos, leito e pão.

Amor que pode ser eterno
mas pode ser fugaz

Amor que se quer liberar
para seguir amando

Amor divinizado que vem vindo
Amor divinizado que se vai."

Pablo Neruda

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A cor do paraíso


Filme iraniano, sensível como a maioria dessa origem.
A história de um menino cego e sua relação com o mundo me fez recordar a infância…
Que cena linda ele colocando o passarinho no ninho…
Que coisa linda suas lágrimas falando de Deus…

Um sopro, uma delicadeza, alimento bom pra saudade da infância, pra minha criança que anda tão presente…
Que tristeza quando nossos pais demoravam a nos buscar na escola.
Que saudades dos meus avós, de apertar aquelas mãos…
Que liberdade poder correr na natureza…
São essas imagens simples, que formam o conjunto do sublime de ser criança.

Ah, vamos lembrar a criança que fomos, a criança que somos .
A alegria da hora do recreio, o sabor doce do algodão, o cheiro gostoso da lancheira, a boca lambuzada, os pés descalços cheios de sujeira, o cabelo duro de tanta poeira, o solzinho no corpo e o ventinho no rosto…
Ah, lembre-mo-nos do que é essa parte tão preciosa, esse bauzinho que insistimos em não abrir, mas que guarda um grande tesouro.
Uma época onde ser puro era permitido, chorar profundo não doía tanto, rir de barriga era mais fácil, e brincar era uma lei.

Vamos pegar nossa criança pela mão e dar um grande passeio num campo de flores….
Foi isso que esse filme fez por mim.



P.S: Obrigada querida Ama, por sempre indicar e partilhar tudo de lindo que vc vê por aí

O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford



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"Look at my red hands and my mean face... and I wonder 'bout that man that's gone so wrong." Jesse James

Longa dirigido pelo neo­ze­lan­dês Andrew Dominik, conta a história de Jesse James, lenda do banditismo americano do século 18, e seu bando liderado por ele e seu irmão Frank (interpretado pelo genial Sam Shepard). A história percorre as tramas da dinâmica entre os membros do bando e, principalmente, a relação de Robert Ford (em ótima atuação de Casey Affleck)  com o "mito" de Jesse. Bob tenta desconstruir o ídolo com a ilusão de estar construindo a si mesmo durante a convivência com ele, numa ambiguidade de fiel escudeiro tímido/assassino calculista que confunde e  perturba. Logo de cara o filme impressiona por sua grandeza e poesia, um western onde a sutileza dá o tom, seja nas imagens, mensagens, enquadramentos ou na fotografia belíssima. Brad Pitt é um excelente ator e há determinados papéis que lhe caem como uma luva, Jesse James é um deles.

Jesse é acessível e essa "disponibilidade" não o fragiliza. Ele é divertido, até dócil, mas a transição para o cruel pode ser imediata. Aprofundando um pouco, algo que se destaca são os olhares: as trocas de olhares, o olho no olho, isso é muito claro nos filmes de faroeste e de lutas orientais. Aquele olhar presente, profundo, que reflete a "ética" e firmeza por trás da atitude, mesmo que transgressora e até violenta. Inclusive um olhar que Brad Pitt representa muito bem, (vide outros filmes como Legends of the Fall e Seven) um olhar de homem, no sentido mais profundo da palavra. Olhar de quem é o que é e por sua presença e força, possui uma intuição quase que felina para as nuances e transições em seu entorno.
Bob Ford vai se confundindo e se perdendo na imagem de Jesse, pois ao invés de se inspirar, ele começa simbioticamente a querer "ser" Jesse, e é previsível onde esse caminho vai terminar... Já para Jesse, está tudo bem em tê-lo por perto, inclusive com os sinais de perigo iminentes e é curiosa a relação com o medo que os personagens têm. Quanto mais fracos em seu íntimo, mais medrosos são a qualquer pequeno sinal (e mais segurança encontram num revólver).  Em contrapartida, Jesse permanece firme mesmo nos momentos ameaçadores, caminhando na estrada que escolheu,  cumprindo seu "destino",  arcando com todas as consequências. O simples ar de sua presença intimida e ele não faz esforços para que  isso aconteça, é sua forma de viver que gera essa sensação . Claro que ele dá provas de ser implacável, mas é algo que  transpõe esse externo: é sua qualidade de presença que sustenta sua força (e um revólver, definitivamente não é sua segurança).

 trailer

Enfim, uma obra cujo ritmo lento e contemplativo de sua narrativa merece ser saboreado, um filme sobre homens em um contexto rústico sob uma ótica quase onírica e muito sensível.
No mínimo, algo muito novo para um gênero clássico e até um tanto desgastado, como os westerns americanos.

sábado, 27 de outubro de 2007

The painted veil


The painted veil. Traduzido como "O despertar de uma paixão."
Naomi Watts e Edward Norton estão ótimos.

O filme é bonito. Doloridamente bonito.
Trata de questões muito sutis, muito tristes de um casal.
Mas com um deseronlar muito libertardor.
E se libertar sem um pouquinho de dor é quase que humanamente impossível.

Pra mim, esse diálogo é o grande salto do filme. Verdadeiro, o início da cura:
" - I think what you're doing, for instance, is incredible noble.
- You used to feel contempt for me, don't you still?
- Walter, I can't believe with all your cleverness should have such little sense of proportion. We humans are more complex than your silly little microbes. We're unpredictable. We make mistakes and we disappoint.
- Yes, we certainly do.
- I'm sorry. I'm sorry I'm not the perfect young woman you want me to be. I'm just ordinary. I never tryed to pretend that I was anything else.
- No, you certainly didn't.
- I like the theater, and dancing and playing tennis. I like games. I like man who play games. God forgive me, that was the way I was brought up.
- Well I play a pretty fierce hand of bridge.
- Well, that's bloody exciting! rs And you dragged me around all those interminable galleries in Venice.(..) Honestly, I'd have been much happier playing golf at Sandwich.
- I suppose you're right. It was silly of us to look for qualities in each other that we never had.
- Yes, yes it was."

Depois disso, uma das cenas de amor mais excitantes que já vi.
A sensualidade do liberar o que estava encouraçado, escondido, reprimido por um simples véu, que eles mesmos criaram...
O véu do não envolvimento, do deixar subentendido, velado...
O cessar a sede, se atirar, se entregar a fonte... E aí o despertar.

Enfim, o grande lance da transformação é essa jornada interna, no silêncio e as vezes até na reclusão, que nos abre novas perspectivas. Aí estamos prontos para olhar e dar vida ao outro, e, ao mesmo tempo a nós mesmos.

Wishes


Hoje uma pessoa muito linda, me perguntou sincera e despretenciosamente o que eu quero.
O que eu desejo?
Achei que seria simples responder... Mas fiquei na encruzilhada...
Por hora, consigo responder com um trecho do Frank Sinatra que me traz uma linda imagem do que eu desejo na vida:

"Fly me to the moon and let me play among the stars".

Ela me alertou para ter cautela do que pedir, pois com certeza eu seria atendida, então...
Atenção Universo, em ALTO E BOM som é isso que eu quero.

Voar até a lua, de preferência cheia e bem luminosa, assim como hj.
E brincar no meio das estrelas.
Quem sabe dançar também?
Leve, atemporal, presente e infinita!

Ou como na Divina Comédia, de Dante: "... E poi uscimmo a riveder le stelle."
Passado o inferno, o purgatório, o céu
Acabar assim, juntos a ver estrelas...

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

tu tu tu tu


As vezes, sou um borrão de mim mesma.
Desfocado,
preto e branco
Fora de sincronia
Problema de antena, gera ruído,
e entra em cena o color bar.

Não somos isso
Estamos isso

E isso também passa.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Um pouco mais de lucidez


"Nossas identidades são flutuantes, não têm sabedoria e nós não temos gestão própria sobre elas.Portanto, as relações são problemáticas, não só conosco mas com os outros também.
Então quando nós nos juntamos somos como duas bóias no mar revolto, no início estão próximas mas, ao final de um certo tempo, cada uma pode estar em um oceano distinto. Os ventos e as ondas vão nos arrastando, não temos propriamente capacidade de gerir, de determinar a direção. No budismo, nosso objetivo é recuperar esta direção. Como recuperar esta direção e como, após recuperá-la, podemos nos aproximar e gerar relações estáveis e satisfatórias?" –Lama Padma Samten

Palestra com o Lama Padma Samten, mais uma oportunidade de ter contato com sua luz, alegria, generosidade. Um pouco mais de lucidez no caminho.
O tema foi relacionamentos. De início a constatação: a roda da vida é uma forma de viver, uma construção artificial e fazemos essas construções de acordo com nossas estruturas internas.
Portanto, todos os relacionamentos passam por essa dinâmica. Se nós estamos em constante mudança, sujeitos a impermanência da roda da vida como indivíduos, é inevitável que os relacionamentos passem por esse processo também.

A outra constatação feliz: é possível relacionar-se de forma lúcida.

Ele usou esse exemplo da bóia como principal ilustração. Nós construímos essas relações de "bóia" e não temos como controlar de nenhuma maneira o rumo que elas tomarão, já que estamos todos nesse imenso oceano de samsara. Mas o Lama propõe uma bela solução: relacionar-se de forma natural e feliz, sem repressões e sem artificialidades. Ou seja, conduzir os relacionamentos de uma forma em que tudo flua de acordo com sua dinâmica, incluindo saber amorosamente romper caso os objetivos de felicidade, naturalidade e liberdade não estejam mais acontecendo. Isso requer compaixão e um Amor sem apego e desejo, um Amor expandido a todos e não focado apenas no objeto da paixão, ou nos mais próximos.
As relações baseadas no desejo e apego são sempre aflitivas, pois estão condicionadas a uma aprovação, a uma satisfação das carências o tempo todo. E assim seguem em constante oscilações, gerando sofrimento. Quando surge a paz, a energia é constante. Devemos almejar que a lucidez acompanhe nossos sentidos, aí surge a sabedoria.
Uma forma de seguir pacificamente os relacionamentos é sempre reverenciar as qualidades essenciais do outro, tentando nos abster de suas formas materiais, olhando pra maravilhosa energia que emana daquele ser (isso é muito lindo).
Por exemplo, ao invés de admirar simploriamente uma mulher por seus longos cabelos e suas lindas curvas ou um homem pelo seu físico atlético e suas características másculas, tentar acessar além, reverenciando a energia masculina ou feminina que emana daquele ser.

Depois, uma outra dica: o raciocínio da mente não é suficiente para que se consiga concretizar tudo isso. Esse processo é no coração, de onde surge o lung (uma energia amorosa que brota do sentir) que motiva todos os sentimentos positivos que direcionarão as ações positivas. Para isso o ponto de partida é o silêncio original (através da meditação) onde acessamos nossa natureza livre com o lung e não com a mente.
Para as diversas relações, sejam familiares, sejam amorosas, de amizade, ele sugere a meditação Metta Bhavana, numa abordagem tantraiana ou seja, sentindo profundamente o que se diz:

"Que eu seja feliz
Que eu me livre do sofrimento
Que eu encontre as causas da felicidade
Que eu supere as causas de sofrimento
Que eu me libere totalmente das estruturas cármicas
Que a lucidez acompanhe meu olhar
Que eu possa realmente beneficiar os outros seres".

E assim, fazer a mesma meditação para os seres que geram atração, repulsa ou indiferença, liberando um a um e nos liberando também das negatividades.


Dessa forma, tentei resumir o que ouvi. Tudo em perfeita lógica e sentido, leveza e amor.
Estava em casa.
A tristeza se dissolve naturalmente, dando lugar ao contentamento e amorosidade.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Eu não sei de nada





Eu não sei de nada.
Essa fotografia aconteceu sem o menor planejamento
Tirar essa fotografia foi uma vida de não-saber que passa pelas vísceras até chegar ao dedo que aperta o botão do clique.

Uma vida toda catalisada em segundos não esperados.

Eu também não sei tirar fotografia.
Mas é uma bela imagem e (o mais fascinante é que) assim seria com ou sem minha câmera....









segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Meu mestre no caminho

Conhceci o CEBB (Centro de Estudos Budistas Bodisatva) através de um grande amigo.
Já frequentava um outro Centro, mas assim que tive contato com o Lama Padma Samten, algo mudou. Sua presença por si só transmite uma sensação diferente. Ouvi-lo, seja num retiro ou numa tarde, enche o coração.
Sua linguagem é acessível, direta e muito bem humorada, sem perder a profundidade. Ele me inspirou a ir cada vez mais fundo nos ensinamentos budistas, a mergulhar nesse universo de lucidez.
Ele foi professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul por 25 anos, no departamento de Física. Mais tarde, ordenado por seu mestre Chagdud Tulku Rinpoche como lama budista da linhagem Ningmapa.
Seus ensinamentos são apresentados com o foco de beneficiar os seres diretamente em seu cotidiano.
E é um privilégio tê-lo por perto no caminho.

"Ofereça sua presença amistosa a todos. Alegre-se com o fato de que suas capacidades podem beneficiar os outros.
Sua vida ficará plena."
Lama Padma Samten


Namastê

Meu mestre de fé




Sempre presente de forma forte e intensa, como expressar o que Jesus Cristo significa pra mim? Não poderia deixar de falar dele, o primeiro mestre espiritual que fez parte da minha vida, aquele que inspirou a aprofundar a busca, a investigar o que não fazia sentido, a olhar mais adiante... Sempre me interessei por sua história, interpretando de forma muito particular o que lia e me ensinavam. Tanto que quando li "O evangelho segundo Jesus Cristo",de Saramago, tive a sensação de que ele tinha lido meus pensamentos.
Eu não tenho religião e muitos me questionam sobre isso, como se para admirar e me conectar com Jesus eu tivesse que pertencer a algum “clube”. Ou como se frequentando e estudando o Budismo eu não pudesse ter conexão com Cristo... Mas a espiritualidade de crachá nunca foi meu forte, tudo o que busco e aprendo no campo espiritual é tão complementar e amplo que entendo melhor hoje o que Jesus queria dizer em contato com diversos tipos de filosofia.

Ele foi um grande líder espiritual de seu tempo, mais um ser iluminado que passou por esse planeta. Não saberia explicar lógica e racionalmente nossa ligação, é muito profunda desde criancinha (tanto que eu achava que ele estava vivo até os sete anos de idade). Quando descobri, numa sexta feira santa, que ele havia morrido, chorei uma tarde inteira. Na hora da dor, lá tava eu de joelhos pedindo lucidez, na hora da alegria lá esttava em silêncio tentando me conter em gratidão.
Ele ensina sobre compaixão, amor, doação. Ele viveu como o mais comum dos seres oferecendo suas palavras e atos de lucidez onde quer que fosse. A imagem que tenho dele é muito sutil e é muito estranho ver como vulgarizam suas palavras e sua figura numa idolatria cega e vazia. Não te vejo pregado numa cruz, te vejo de braços abertos, iluminando e inspirando a amar, doar, não conseguir ficar indiferente, a querer ser um instrumento de ação no mundo.

Isso é o tanto que consigo expressar em palavras, com ele aprendi a devoção, que aquece sempre o coração só de conectar, principalmente quando esqueço o caminho de volta pra casa :-)

domingo, 14 de outubro de 2007

Minhas mestras no Feminino

Com a Erica, aprendi a decifrar meu corpo. A olhá-lo além das formas, a cuidar com amor dessa casa. Entre tantas dores, suas mãos de luz sempre me trouxeram alívio e carinho. Sempre com muita lucidez, o contato com ela faz a gente ter vontade de abraçar o mundo. Pessoa de alma pura, generosa, sábia. Amiga das mais queridas.

Com Amaniksha mergulhei a fundo no que é ser (e realmente Ser) uma mulher. Na roda, na comidinha dividida, nos detalhes, ensinamentos, partilhas, rituais. Leveza de fada. Através da dança, contato profundo com a essência feminina, movimentando estagnações e condicionamentos. Pela aura soma, a sabedoria que me despertava a cada consulta.

Com a Ana, energia pura. Afinidade instantânea, firmeza, toque iluminado. Aprendo cada vez mais auto-confiança, uma feiticeira de olhar profundo.

Com todas vocês, um encontro é adentrar um portal, um lugar especial que está acima desse espaço terreno. Sou privilgiada por trocar com mulheres tão especiais. Mulheres com "m" maiúsculo, no que de mais bonito e profundo isso possa significar. Energia de doação, leveza, fluidez, amor.

Minha enorme gratidão e amizade.

sábado, 13 de outubro de 2007

Pausa para o mestre Paulo Autran

Choque ao abrir o jornal. Ele era um desses atores que pareciam imortais.
De fato sua aura imortal permanece, assim como acontece com os grandes.
Fico arrepiada ao abrir a Ilustrada e dar de cara com aquela foto maravilhosa! (essa mesma foto que publico aqui).
Paulo Autran me inspirou profundamente a pegar gosto e apreciar o bom teatro.
E foi como Rei Lear, em 1996, com direção de Ulisses Cruz, exatamente a foto de capa do jornal em sua homenagem!
Essa foi a primeira peça de Shakespeare que li, a primeira que me despertou meu interesse em fuçar cada vez mais o universo shakespeareano. Uma peça que mexeu com muitas questões que já germinavam dentro de mim...
E tive o privilégio de assisti-la, numa adaptação brilhante, estrelada por Paulo Autran.
Quando abriram as cortinas e ele surgiu, crescendo como Lear, comecei a chorar de emoção.
Um desses momentos mágicos, únicos que a arte pura nos oferece, e ele personificava isso.

"Acho que a morte é que faz a vida ser tão boa. Já imaginou que horrível viver eternamente? Pra sempre? Não poder morrer, não poder acabar? E é por isso que viver é tão bom, é tão impressionante, é tão prazeroso"
Paulo Autran

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Meus mestres do cinema

Tudo começou com "My own private Idaho", de Gus Van Sant. Ali entendi, que alguns diretores de cinema tinham o dom de trazer para as telas um universo íntimo, particular ao qual muitas vezes nem tínhamos acessado até  então e que a partir do momento em que acessamos, nossa vida parece não ser mais a mesma. Muito do que é impossível traduzir em palavras, que pertencem aos simbolismos, alguns grandes mestres conseguiram transformar nessa grande arte.
Amo cinema, de alguns bolockbusters a cults, o importante é que seja vivo, pulsante, humano. Que traga a fantasia a tona, faça sonhar e acordar.
Cinema é como uma "terapia", as vezes um "oráculo" outras como uma meditação, me conheço cada vez mais através dos filmes, vou fundo, viajo. Um filme bom é sempre um novo despertar, uma cortina que se abre para outros olhares e perspectivas.

Aqui seguem os mais marcantes:

Wim Wenders descobri na faculdade. Asas do desejo, Tão longe Tão perto, poesia pra degustar. Paris Texas e o recente Estrela Solitária, road movies belos e profundos, gênero que ele domina como ninguém.

Akira Kurosawa com "Sonhos", me tirou do chão. Que capacidade maravilhosa de representar o etéreo... E "Os Sete Samurais" (que mais tarde inspirou o ótimo western "Sete Homens e um destino") um lindo clássico.

Frederico Fellini, dispensa apresentações. Seu estilo é marcante, leve na condução (que parece sempre fruto orgânico do acaso) ele toca a ferida com suavidade. Com maestria trata do sonho, da fantasia. Meus pereferidos: La dolce Vita, Oito e meio e As Noites de Cabíria.

Tim Burton, visionário, original, criativo, estilo próprio e único. Seja com Noiva Cadáver, Big Fish (meu predileto e um dos filmes mais significativos da vida) ou a Fantástica Fábrica de Chocolates, entre outros curtas de animação. No sombrio, ele joga luz e faz a gente viajar no seu universo fantástico.

Manoj Night Shyamalan, já tinha me impressionado com A Vila. Lady in the Water é um filme que me tocou de forma marcante, cheio de significados profundos que só um homem de alma muito aguçada seria capaz de reproduzir. Talvez o fato de ser ter nascido na Índia contribua pra isso, uma contribuição muito digna ao cinema americano.

Quentin Tarantino foi me ganhar definitivamente com Kill Bill 1 e 2. Ali ficou mais clara a genialidade como roteirista, diretor e editor (adoro seus cortes!). A forma como ele costura referências tão distintas e seus diálogos são brilhantes. Há muita sensilbilidade e sutileza por trás dessa violência toda.

Walter Salles é meu preferido nacional. Sensíbilísssimo. Meus preferidos: Diários de Motocicleta e Central do Brasil.

O melhor de assistir filmes não é analisá-los. É senti-los, contemplá-los, ser nutrido por eles e depois compartilhar a experiência. ;-)

"Towards the true image of that absolute and mysterious reality that nobody will ever see"
Antonioni

Minha mestra de vocação


Nunca vou esquecer quando entrei pela primeira vez em seu ateliê.
Vê-la transformar folhagens e flores, como num passe de mágica numa linda obra de arte me emocionou. Ali tive certeza de que era isso que queria fazer dali em diante e o medo antigo foi substituído por uma grande vontade de me atirar naquele universo completamente novo.
Ela abriu as portas, a agenda, o coração. A mágica começou em minha vida, adentrei o portal pelas mãos dessa fada, dessa mulher amorosa, doce, bondosa, livre.
Ela me ensinou muito mais que um ofício ou uma arte. Ela me ensinou tudo de intangível e sutil por trás do mundo das flores, aqueles segredos luminosos que só uma mestra tem.
Sem pereceber já estava num caminho sem volta, imersa, inebriada, entregue. Vi milagres acontecerem o tempo todo, tudo muito intenso, forte.
E ela sempre percebendo com grande sensibilidade tudo que acontecia comigo, me chacoalhava, me incentivava, me orientava.
Uma relação de vínculo verdadeiro, troca sem cobranças, sem obrigações, espontânea e leve.
Um presente, uma benção, um privilégio em minha vida.

Kátia querida, que a troca não termine jamais.
Se de semente passei a botão de flor, foi pelo amor das suas mãos.

Minha gratidão eterna, do fundo do meu coração.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Meu mestre no amor



Ele sabe quem é.
Com ele tive acesso a um universo totalmente novo: sensações, muitas sensações.
De vê-lo pela primeira vez, sabia que era com ele que ia me casar e isso, foi só o começo de uma grande convivência… Costumávamos dizer que nossa magia era nossa força e criar universos paralelos, linguagens, figuras, imagens que só nós dois entendíamos. Aí nasceu meu segundo idílio: um grande campo de girassóis.
Foi um sonho muito lindo, uma conexão muito grande de alma, um amor que se mostrou sempre, espiritual. Aprendi, com você, um amor diferente e grande, de superação de constantes desafios, sem perder de vista o horizonte.
O que poderíamos ter feito melhor? Nada.
Demos o que estava ao nosso alcance, e posso dizer que o amor, a confiança, o cuidado que recebi nunca irei esquecer.

A ligação permanence em outro nível, uma amizade velada.

Uma pessoa muito digna, bondosa, brilhante.
Você também foi meu anjo.

Começo a entender melhor essa história anos depois de ter ido embora.
Afinal, nossa magia era nossa força, ele escolheu um outro caminho e eu já não me adequava mais aquele. A força acabou. A magia acabou.

Aprendi coisas maravilhosas com a dor do rompimento. De passarinho tremendo no ninho, passei a voar, longe… Hoje consigo ver tudo do alto.Voando e pousando, no campo de girassóis.
Sim, entre partilhas e acertos, a maior herança foi o imenso campo, descobri ser sempre meu, por direito e conquista.

E espero que assim seja contigo,veja sempre do alto, livre, aberto e receba em seu idílio, sua filha.
Minha grande consideração e respeito por essa história vivida em todas as suas nuances.
Por tudo isso, meu coração está pleno e cada vez mais aberto, hoje.

Obrigada por tudo, pelo amor e pela dor.




P.S: Obrigada Gustavo por ser o start dessas viagens no tempo... meus mestres não seguem a mesma linha do seu blog mas vou seguir falando sobre essas as figuras importantes e marcantes em cada fase da minha vida daqui pra frente.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Meu mestre de valores de vida



Esse é meu avô Ângelo. Avôhai, avô e pai.
Ele veio muito pequeno da Itália para o Brasil com seus pais, como muitos italianos daquela época, para morar no interior de São Paulo e viver de agricultura. Cresceu trabalhando na roça e com o tempo e dedicação gerenciou fazendas até que se instalou em Uchoa, onde construiu seu próprio sítio dedicado a plantação de café, laranja e limão, entre outros. Seu trabalho e amor pela terra o tornaram um agricultor que fazia brotar, frutificar, fluir com suas mãos. Um verdadeiro encantador amoroso, famoso por conseguir fazer beleza do caos.

Referência número um em valores de vida. Por ele, minha infância foi maravilhosa e o que sou, é em grande parte consequência da felicidade dessa convivência.
O sítio foi meu primeiro idílio. Correr descalça entre os pés de café e laranja, subir nas jabuticabeiras e mangueiras... Comer jaca sentada no chão, enquanto ele com sua faquinha nas mãos ia distribuindo os gomos e contando histórias. O vento no rosto e o cabelo duro de poeira na caçamba da caminhonete pela estrada, uma das minhas aventuras prediletas. O "pon" fresquinho (como ele falava pão com sotaque italiano) do café da tarde e a horta colorida no quintal que ele mantinha com um cuidado digno de mestre Zen.
A hora de ficar quieta enquanto ele assistia religiosamente ao Jornal Nacional, aproveitar a soneca imprevista para fazer "chuquinhas" nos seus cabelos grossos e fartos e  depois vê-lo acordar dando risada da travessura.
Não tinha melhor lugar no mundo, um estar-em-casa, aconchego, carinho sem igual.
Lembro das suas tardes no ponto de táxi, conversando e rindo com os amigos e o respeito que a cidade toda tinha por ele. E o orgulho de carregar a neta e apresentar a todos como "seu sangue", o que me dava uma sensação especial de pertencer a um mundo mágico onde só com ele era possível acessar.

Eu o amo tanto que nem sei como expressar pois o alcance se torna mínimo, as palavras frágeis, tudo fica pequeno quando se fala dele. Porque o que aprendi com ele, meu grande mestre, foi na troca, na brincadeira, na risada, na mão dada, na caçamba da caminhonete, na força da palavra firme, num silêncio. Acima de tudo, aprendi com ele no exemplo, onde palavras, atitudes e sentimentos estavam alinhados, um homem íntegro cuja presença nos levava junto sem nenhum esforço. Um respeito tão natural e sem medidas de uma afinidade que vai além, não se explica. Nunca levei uma bronca, nunca sequer brigamos. O que sempre prevaleceu foi gratidão e amor. Ação no fio do bigode, italiano de gênio forte e coração sem tamanho. Com ele entendi o real significado de hombridade.

Meu agradecimento profundo por tudo, tudo meu avô que você ofereceu. Levarei comigo esse legado precioso por toda a vida e espero, ao fim dela, ter tido ao menos uma parte da dignidade da sua.

Meu amor a você, Ângelo Dario Marcuzzo.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Dignidade, sempre

Semana nova, graças a Deus.
A passada trouxe muitos aprendizados dentro da "gosma". E eu, que não sou artista, nem dondoca, nem nada, cansei.
Cansei de um montão de coisas e dizer pra si mesma e principalmente aos demais que vc cansou sem impacto nenhum é quase impossível. Então mais uma vez, causei.
Mas desta vez foi diferente.
Alívio bom no peito, e aquela força que quem experimenta a verdadeira dignidade sabe do que eu estou falando.
Chega de palavras vazias, quem nada quer dizer, um blá blá blá de bajulação e superficialidade.
Chega de cair no conto das aparências, nas referências dadas e mostradas que não passam de ilusão. Quero ver "no fio do bigode", me mostre a que veio.
Chega de ser feita de besta por ser do bem, não sou boazinha (tenho medo de gente boazinha), eu sou do bem, a favor do bem, e faço um trabalho intenso todo dia pra ser melhor comigo e com os outros, então por favor me respeite.
Chega de malandragem, hipocrisia, e um montão de coisas que a gente concorda por preguiça de pensar, por ser mais fácil, dar menos trabalho e que não nos expõe. Vamos nos expor de peito aberto, mas com muita cautela e com muito conteúdo.

Depois de decretado tudo isso...

Na mesa de um bar em mais um papo deliciosamente filosófico e sensível (como é bom conversar com gente pensante!!), depois de tirar a armadura da batalha, ahhhhhhh.... lembrar.
Lembrar o que mais me ilumina e fascina nas pessoas: a pureza.
Aquela luz que brota de gente autêntica e emana dignidade.
Lembrei de cada ser que conheço há anos e há pouco tempo que me inspira. Que vive dignamente.
Essas pessoas comuns, amigas, acessíveis, que atendem o telefone e dispensam churumelas.
Essas pessoas que buscam, pagam o preço, fazem diferente e estão aqui do lado. Não é o máximo? Não é um luxo??
Gente comprometida. Gente que se conhece, se aceita e divide alegrias e fraquezas como divide o pão.
Ah, gente que divide o pão... coisa tão antiga mas fora de moda.
E hoje recebo um e-mail surpreendente de amigo blogueiro que resolve homenagear seus mestres.
Tenho falado sobre os meus aqui. E não me custa nada falar mais.
Estou contigo Gu, blogueiros, uni-vos! Mais humanidade nesse mundo virtual!


Há muito estava seca, agora chove torrencialmente aqui.

Isso é mais que um privilégio, é uma benção.
Obrigada queridos mestres.

domingo, 30 de setembro de 2007

Spider Man 3

Assisti finalmente a Homem Aranha 3.
Homem Aranha é um de meus heróis de quadrinhos preferido. Meu interesse pelo número 3 era a possibilidade de conhecer o lado negro do meu super herói.
Pra mim Spider Man é também um fetiche. Além de atraente naquela roupa sexy, ele inspira a segurança, caráter, força, mistério, liberdade...
Mas, que me mais me atrai nesse personagem é a dualidade. Se fosse só Spider Man não teria graça pra mim, e se fosse só Peter Parker, muito menos.
Eis que esse terceiro episódio, traz a novidade de um Spider/Peter, totalmente diferentes.
Ele está no auge da fama e do relacionamento com Mary Jane e tudo conspira para que seja um momento de vida perfeito, a não ser por um detalhe: o tamanho do seu ego. (não seria nos detahes que mora o diabo?)
Uma substância simbiótica traz a tona seu lado sombrio, contando com as principais fraquezas dele para isso, como a culpa. Então ele se revela um herói cruel, egoísta e extremamente vaidoso. Aí muita coisa muda.

Essa temática do lado negro me fascina, por seu simbolismo.
E por ter muito contato com o meu nos últimos tempos, tenho valorizado cada vez mais gente de verdade e não os super heróis que eu idealizava antigamente. Apesar de constatar que, na maioria das vezes na prática, gente é o verdadeiro super herói.
Explico. Não é comum, nem fácil conhecer suas fraquezas. Quiçá assumí-las pra si mesmo, imagine para quem possa interessar, então.
Me ocorre o tanto de determinação e força de caráter que é necessário para transformá-las...Não seria ato de heroísmo?
Sim, porque aparentar ser um semideus, bem resolvido, sucedido, atraente é de longe mais fácil.
E a gente sabe que não adianta, não dura muito tempo.
Por isso insisto na dobradinha Spider/Peter, um não tem razão de ser sem o outro.
A egotrip do personagem pode parecer lugar comum, e é, mas é diferente quando se trata de um super herói, do qual se esperam apenas as nobres qualidades. Mas na minha opinião ela é muito válida e ele ter super poderes valida ainda mais, porque eles de nada servem para fazê-lo se livrar da "gosma".
É necessário que toque um sino, que pra mim representa a consciência (apesar de no filme ter toda um simbolismo católico de salvação), e não há nada mais humano que isso.
Elevar a consciência é muito humano, apesar de nos aproximar do divino.
Se ele não fosse também Peter Parker, isso não seria possível. A condição humana é que possibilita isso.

A cena em que ele fica em crise, em cima de uma torre, embaixo de chuva, é linda.
Simboliza um momento de transformação que todos nós, se não passamos, passaremos um dia. (Assim espero!)

E talvez, no final, possamos ser convidados para uma dança...

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Fernando e Clarice


"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, a margem de nós mesmos."
Fernando Pessoa

"Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma.
(...) Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso, nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
(...) A gente é muito preciosa, e que é somente até certo ponto que a gente pode desisitir de si própria e se dar aos outros e as circunstâncias. Para me adaptar ao que era inadaptável tive que cortar meus aguilhões, cortei em mim a força que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força.
Não pude deixar de querer lhe mostrar o que pode acontecer com uma pessoa que fez pacto com todos, e que se esqueceu de que o nó vital de uma pessoa deve ser respeitado.
(...) Respeite a você, mais do que aos outros, respeite suas exigências, respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que é ruim em você - não queira fazer de você uma pessoa perfeita - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse o único meio de viver."
Carta de Clarice Lispector para sua irmã Tânia Kaufmann

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Coraçoes Apaixonados

Surpresa boa na locadora.
Mais uma vez, um filme me escolhe.
Esse é antigo, segue a linha de "Shortcuts" e antecede muitos outros que contam pequenas histórias que se cruzam e tratam de amor.
O elenco é excelente: Sean Connery, Madleine Stowe, Angelina Jolie, Dennis Quaid entre outros.

O que faz dele um filme bom?
História de cinco "duplas" que estão em busca do amor, cada um a sua maneira, apesar de machucados pelas decepções e tropeços da vida (até aí nada de novo, não é?).
Em determinado momento, chegam a um ponto em que não há mais saída: têm de ser sinceros consigo e com os outros.
Eles são surpreendidos por uma nova chance, a direferença é que a agarram com muita verdade. E a verdade não deixa de doer... e isso possibilita os recomeços.
Essa verdade é que faz leve as questões mais delicadas do filme. Será que não é assim que funcionaria na vida real?

Me lembro há alguns dias, ter conversado sobre isso com um amigo: o quanto as relações, no caso amorosas, se corroem por essa falta de sinceridade e num nível mais profundo uma verdade mesmo. Como falta autenticidade as pessoas e consequentemente as relações!
Aquela coisa de dizer a que veio, mostra-se como é e ser respeitado pela sua natureza. E assim conseguir respeitar e amar o outro da mesma maneira, com todas as suas nuances.
Isso é lindo.

Dá pra se apaixonar só de assistir e imaginar que em algum lugar há alguém querendo exatamente o que vc quer, buscando também alguma coisa a mais na vida.
A questão é o que e quanto estamos dispostos a dar, o que queremos receber e muita coragem pra seguir em frente.

No mínimo, uma ótima reflexão

domingo, 23 de setembro de 2007

Solsticio de Primavera


Entrar a primavera de forma tão sublime, um privilégio.
As Quatro Estações e a Sagração da Primavera no Teatro Municipal, uma viagem deliciosa.

Enquanto ouvia com os todos os sentidos aquela sinfonia maravilhosa, descobria que é primavera em minha vida.
Inverno já passou há muito tempo.
Verão com muitos outonos no meio marcaram boa parte do caminho.

Mas agora, é primavera.
Desabrochar das flores, sentir o perfume, beleza ao redor.
Me sinto mais inteira do que nunca, aberta ao mundo, em muita conexão.
E o principal: já sei o que eu quero.
Já sinto o que eu quero, e é natural que chegue.

Volta a simplicidade, ao essencial, deixando o fundamental ocupar apenas o espaço que ele merece.
De volta aos velhos tempos
Onde o rio segue tranquilo
Não há grandes esforços a serem feitos
Apenas ser
Deixar ser
Viver e respirar a primavera


Fotografia de Christian Lesage

P.S: Obrigada Xris!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Consciencia

"Deus dorme nas pedras, sonha nas plantas, se movimenta nos animais e desperta no Homem"

Dedico ao amigo Adan.
Inesperado, especial, que viu muito além do que eu percebia.
Bom te ver centrado, maduro e mais feliz do que nunca.
Enche meu coração ver tantos amigos cheios de luz, um bom sinal de que há muita gente seguindo um caminho pleno de espiritualidade e os frutos estão sendo colhidos um a um com muita consciência e humanidade.
Há muita gente que pensa em mais coisas que apenas dinheiro e status, e sou privilegiada de estar rodeada por elas.

Esperança

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Mentira

A mentira, manipula
A verdade, libera

As estruturas hipócritas com o verniz de valores éticos e morais
Expulsam toda possibilidade de questionamento e transformação
E assim vão se mantendo, enquanto a verdade infiltra feito água vazando, estufando, rachando...
Tudo que é reprimido, explode
Em proporcional violência a repressão

Como ter o controle de um ser em liberdade?
O que seria do seu imenso ego sem esse controle?
Quem somos em liberdade?
O eu conhecido na prisão da ilusão, teme esse não-eu em comunhão com o Universo, grande, infinito, cheio de possibilidades

Libere-se
Libere o outro

"Morra antes que vc morra"

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Amaniksha



Sempre no caminho, com muita dignidade.
Íntegra, respira a espiritualidade e sua presença a emana.
Encontrar com você é beber na fonte da presença, lembrar o sutil no mundo, acreditar que é possível a beleza, a "radiância".

Generosa, sempre pronta a ouvir, com belas palavras para presente.
Amorosa, um exemplo de ser humano no seu sentido mais puro e luminoso.
Inspira, enche o coração, faz vislumbrar uma dimensão diferente em meio a qualquer densidade.

O que dizer de alguém que passa horas fiando fadas?
Alguém com respeito profundo a natureza?
Seu mundo é tão simples e tão fácil
Seu movimento tão sutil e tão forte.

Com vc aprendo mais e mais, sempre.
Aprendi muito sobre ser uma mulher
Viver o feminino
Exalar essa energia
Com véus, com velas, com flores, com movimentos de dança

Meu profundo respeito e bem querer, uma amizade eterna.

Uma tarde de setembro


Numa tarde de setembro
O dia não tinha fim
Fluia natural como um rio tranquilo
Sol forte e brilhante no céu
Dia de inverno, brisa de verão

Sintonia leve
Acolhimento

Numa tarde de setembro virou noite
E eu virei lua crescente
O inesperado arrebatou e eu senti
Que há muito mais aqui dentro do que eu imaginava
Num mundo de possibilidades,
um encontro com você

comigo

sábado, 15 de setembro de 2007

Amigos, irmãos, camaradas

A cada dia me surpreendo mais com meus amigos.
A gente faz a besteira de perder um pouco de contato ou manter apenas o virtual, com o álibi da falta de tempo, a "correria", e acaba deixando de aproveitar um afeto sem tamanho que é estar com um amigo de fé, um irmão camarada. Amigos de jornada.

Esse te conhece desde a faculdade.
No seu primeiro emprego, ele estava lá.
No seu casamento, ele estava lá.
Na sua separação saia pra balada com vc. E entre novidades, dores, dúvidas e amores dá-lhe orelhão de Itu. Abre a porta da casa, e com a paciência de um bom terapeuta, com um copo de água na mão, ouve atentamente.

Aquela que te conhece desde o colégio.
Nem dá pra descrever quantas fases já presenciou, mas percebe tudo sobre vc de cara.
Aí vem as broncas, os chacoalhões. O melhor é que dá pra fazer tudo isso de biquíni.

Essa você conhece há anos, te viu trabalhando muito, desiludida.
Hoje senta com você num bar e fala coisas que só uma alma muito sensível pode dizer, que vão diretamente na sua essência. Como ela pode perceber tudo isso se eu nem me abria tanto assim antes? Como eu não fui perceber isso sobre mim mesma?

Amiga recente, te chama pra jantar, põe um filminho, partilha aprendizados.
Essa percebe que talvez dizendo mais sobre ela mesma, ofereça algo diferente: silêncio do seus conflitos. E as angústias, decepções vão ficando bem pequenininhas. Já que é tão normal quanto a luz que vai vir no fim do túnel...

Um outro te diz quando você vai pedir desculpas por uma mancada: "Não se preocupe, eu conheço seu coração." E assim estamos em casa e sentamos de frente a lareira e torramos marshmalows...

Isso sem contar os outros tantos que aparecem e sem precisar falar muito, tudo implícito, leve, acolhedor. Troca da melhor qualidade, a magia da verdadeira amizade... Coisa boa estar perto de gente de verdade, humana, buscando com dignidade o aprendizado de ser melhor. Gente que encara de frente os desafios e tombos, sem fachada, sem frescura.

A amizade é uma das formas mais belas de amar.



quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Pensamento

Não é preciso acreditar para amar.
É preciso amar para acreditar.

"A concepção de algo requer compromisso e amadurecimento...
Requer disponibilidade, entrega.
Requer convicção e muita Fé.
Compromissos não podem ser negados ou justificados,
Pois são assumidos com o coração e com a alma."
Fabiano Murgia

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Em busca de lucidez



"Somos os mesmos seres, interpretando diferentes papéis"
Lama Padma Samten

Dias em que não sei mais o que é real, o que é ilusão.
Quando sento em frente ao Lama, tudo parece muito claro. Saio de lá e volto a minha realidade "impura". A névoa...
Ontem vi alguém dizer que não devemos acreditar em nada, a Verdade existe por si só sem que vc precise acreditar.
O que precisa acreditar para que exista é a mentira.
Então percebo que ando acreditando nas mentiras e desacreditando na Verdade....
Uma rasteira atrás da outra de impermanência, tudo oscilando e cada vez que acredito que está "sólido" de novo, lá vem mais uma onda e mais um caldo...
Estou em busca dessa simplicidade da qual algumas pessoas falam, olhando para elas vejo como pra alguns é muito mais simples viver. "Deixe o que dá problema de lado, e viva com mais amor."
Como num "Waking Life", estou eu em busca, e cheia de informações.
Quando ela descerem da mente para o coração, talvez os móveis da sala parem de rodar...

"Somos como um asno manco. Não seguimos de forma natural. Andamos entre tropeços e enganos..."


P.S: Bete e Massao, conversa da melhor qualidade. Amizade boa de cultivar.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Arranjos


Por Contardo Calligaris...

"As flores dos arranjos logo murcharão, mas o importante é que elas desabrochem na hora efêmera da festa, mostrando o esplendor de cada flor e a harmonia do arranjo.
Como um arranjo, a vida não se justifica por sua duração, nem pela lembrança, nem pelo aplauso dos outros, ela se justifica por sua harmonia intrínseca."

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

anjos

Anjos existem
Anjos estão por perto
Em toda parte

Alguns humanos
Outros etéreos

E agradeço a sorte, o privilégio, a benção seja o nome que tenha
A alegria de ser sempre rodeada
por tantos seres especiais...

O anjo em mim agradece o anjo em você

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Depois da tempestade


"A primeira Liberdade
é a Liberdade dos Temores
Com a Arte da Audácia
E o Caminho do
Guerreiro

A segunda Liberdade
É a liberdade de Dúvidas
E ignorância
Com o Caminho
Do Sábio

A terceira Liberdade
É a Liberdade do Egoísmo
E dos Rancores
Com o Caminho
Do Amante

A Quarta Liberdade
É a Liberdade
Da Expressão Artística
Libera toda a Beleza,
A Verdade e a Bondade
Contida em teu interior
Com o Caminho
Do Artista

Quando já não há Medo
E o Amor te abraça
E enche teu Coração
A Tempestade passa
Tudo se acalma
E sai o Sol

Um Covarde
Jamais realizará seus Sonhos,
E ainda que tenha dinheiro
Nunca será Próspero
Porque em seu interior
Sempre haverá
Miséria

Um Covarde
Com Auto-estima baixa
Ainda que tenha romances
Família e amigos
Nunca será Feliz

Não terá
Alegria de viver
Essa Felicidade que nasce
De dentro de si mesmo

Nem será Consciente
Desse imenso Poder Pessoal
Que só oferece
A Audácia

Um Covarde
Ainda que caminhe livre
Pelas ruas do Mundo
Com aparência despreocupada
Possa eleger a casa,
A roupa, a vida que deseja
E viajar pelo Mundo

Mas onde for
Te seguirá sua Sombra
Seus Temores, suas Dúvidas
Sua Insegurança Patológica
E jamais será Livre
Do Terror Ancestral
E sem motivos
Que leva dentro

A um Covarde
Sua Baixa Auto-estima
Seu Medo o perseguirá
Até o fim do
Mundo

Até o dia em que
Decida deixar de fugir
Como um covarde
E Levante sua auto-estima

E confronte para sempre
esse Medo Ancestral

Se precisa
De suficiente Valor
Para assumir Riscos
Não avançará na Vida
Pessoal nem Profissional

Quando te falta Coragem
O suficiente valor
De assumir Riscos Produtivos
A Vida te ensinará
Com a Adversidade

Teus Obstáculos e Problemas
Serão cada vez maiores
E repetitivos

Enquanto não cura
Teus Medos
Não terás acesso
A teus Direitos Naturais
Que a todo ser Humano
Quando Desperta e Renasce
Nem a Segurança
Nem a Prosperidade
Nem a Felicidade
Nem a Liberdade sonhada

Quando não se tem
A Coragem
De confrontar o Medo
Assumindo Riscos
A chuva e a tempestade
Continuam em tua Vida

Quando
Já não há Medo
E o Amor te abraça
E enche teu Coração
A Tempestade passa
Tudo se acalma
E sai o Sol"

Um belo tapa na cara e uma rasteira.
Tudo o que eu precisava para lembrar quem eu sou e ficar em paz....

quinta-feira, 26 de julho de 2007

S i l ê n c i o



Busca um Caminho,
Onde não existam Palavras.
Busca um Caminho,
Onde floresça o Silêncio.
Onde a Vida
E o Existir seja
Intenso

Onde navegues,
Em um Oceano Imenso.
Busca um Caminho,
Onde tuas Asas
Se espandam,
Um Firmamento,
Onde ser livre
e eterno.

Onde o temor
E a morte,
Não te molestem
Nem alcancem.
Busca um Caminho,
Extraordinário
E Divino,

Único, só, distinto,
Mágico, puro, simples.
Onde com olhos de criança,
veja a vida
Profundo...

Busca um Caminho,
Como não há outro,
Como não há outro
Como não há outro
No Mundo...

Busca um Caminho,
Onde não existam
Palavras,

Um Universo,
Onde floresça o Silêncio.
Busca um Caminho,
Onde amar
Cada segundo..

Onde
Com olhos de criança
Veja a vida
Profundo

S u r y a v a n S o l a r

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Pacato Cidadao

"A nossa indignação é uma mosca sem asas
Não ultrapassa as janelas de nossas casas."

Indignada com a tragédia.
Já passou a raiva, fica indignação.
Talvez indignação coletiva possa significar movimento
Assim espero, porque precisamos transformar
Agir
Expressar
Sair do papel de "pacato cidadão da civilização"

Minha compaixão pelos que foram
Para todos nós que ficamos, vazios, paralizados
Que haja luz sobre as nossas consciências.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Ganhar ou perder



Uma questão de olhar
Se estou ganhando
Se estou perdendo

Sonhei com a cegueira
Andei míope
As vezes estrábica
Outras com "estigmatismo"

Essa questão exige muito tato
Audição
Sensibilidade

Me tira o sono
E mesmo assim ainda sonho

Mas o que isso realmente importa?
E a quem isso realmente importa?
Acho que é o mais sincera que consigo ser comigo hoje...


P.S: Mãe, espero que você ganhe muito com as perdas que estão por vir
E não perca com os ganhos que estão acontecendo e você nem percebe...

sábado, 30 de junho de 2007

Santa Clara clareou


Ufa!
Alívio!
Pane no sistema, sem comunicação
Angústia, porquês, desânimo
Ufa! Está passando!

Respirando de novo
Tudo se encaixando novamente, luz entrando devagar, aquecendo e esclarecendo
Respirar faz toda a diferença, energiza, dá vida, presença
Drenar, expelir toxinas, oscilar, pra buscar o centro
Cuidar desse corpo
Cuidar de mim

Agora que tudo está clareando, desafio de mudar padrões que automatizam
Regridem, obscurecem
Canalizar a cura e a energia que me deram de presente
My gifts, that I deny sometimes, that I can't measure the strengh other people see...

Com os pulmões com muito mais ar, tudo circula e renova
Ai que coisa boa respirar!


P.S: Ana querida, baixou um santo aquele dia mas foi maravilhoso ouvir as broncas e os chacoalhões
Suas mãos são cheias de luz