sábado, 30 de agosto de 2008

absolute beginner



"I've nothing much to offer
There's nothing much to take
I'm an absolute beginner
And I'm absolutely sane
As long as we're together
The rest can go to hell
I absolutely love you
But we're absolute beginners
With eyes completely open
But nervous all the same

If our love song
Could fly over mountains
Could laugh at the ocean
Just like the films
There's no reason
To feel all the hard times
To lay down the hard lines
It's absolutely true

Nothing much could happen
Nothing we can't shake
Oh we're absolute beginners
With nothing much at stake
As long as you're still smiling
There's nothing more I need
I absolutely love you
But we're absolute beginners
But if my love is your love
We're certain to succeed"

Absolute beginners - David Bowie


Esse post é pra essa música. Amo essa música e ela me pegou de surpresa no meio de pensamentos, desviei o caminho só pra ouvi-la. Ela já fez parte de inúmeras fases da minha vida e hoje foi mais uma. Música é um troço muito bom e elas têm caído macias na hora exata.
Remoendo umas coisas que queria entender, delícia repousar em ser absolutamente iniciante. Pra quê querer acertar tanto? Somos absolutamente iniciantes!
Depois de me questionar não corresponder alguns sentimentos, fico apaixonada só de ouvir essa música. Delícia estar apaixonada sem direção. Não há outra palavra, é delícia porque salivo só de sentir...







P.S: Não posso deixar de dedicar ao moço que pegou muito na minha mão (tinha esquecido como é bom esse negócio de mão!), deu beijo no rosto e dançou comigo. Coisa boa moço, esse seu jeito de me levar, fica triste não, menina as vezes é passarinho fora da gaiola, gosta de voar...

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Amazing


"It's Amazing
With the blink of an eye you finally see the light
It's Amazing
When the moment arrives that you know you'll be
alright
It's Amazing." Amazing- Aerosmith

Aquela que morreu, não consigo mais conectar. Eu tento, eu choro, eu faço força pra lembrar, mas me escapa. A que nasceu, engatinha. Muitas vezes boba, sensível, com olhar infantil. Outras falando "gugu dadá" no meio de um monte de adultos imersos em seus mundos que ela não entende tão bem agora.
Me sinto confusa quando não sou mais o que era. Quando minhas opiniões não são tão rígidas como antes e olha eu era vista como uma pessoa de opinião formada!
Minha rebeldia não é mais falar o que eu penso a todo momento, fazendo o que me dá na telha. Hoje é parar pra olhar o nascer do sol em plena Marginal quando volto do trabalho, é pegar uma estrada só para ouvir um cd novo, andar a pé quarteirões que podiam ser feitos de carro, entrar em diversas "tribos" e falar com gente que nunca vi antes.
Não sou mais aquela que dá conselhos inflamados de emoção, nem aquela que os pede a Deus e ao mundo... Minhas falas têm incluido mais um "pode ser", uma pausa. Tenho suportado minhas angústias de forma mais solitária e dolorida, mas parece mais natural, fluida, feliz. Minha ansiedade é uma ânsia de viver o que me é claro agora, como uma pessoa que acorda de um coma e sai pela vida como um gatinho num campo cheio de borboletas.

Hoje o que mais me alegra são as simples oportunidades de me relacionar de forma mais fresca e leve com o mundo. Algumas vezes olhando nos olhos dos medos, flertando com os limites, outras ouvindo e aquietando quando a voz vai atrapalhar e nas mais difíceis, praticando aceitação. E na maioria das vezes isso é fruto de muita queda, de diversas alturas, sem pára quedas.
Alguém me perguntou se as transformações que me aconteceram foram por medo de repetir erros. As transformações mais genuínas que me acontecem são pelas coisas que compreendo realmente não valerem a pena e não fazerem mais sentido. Essa compreensão, pelo contrário, encoraja a andar pra frente, porque na prática é preciso muita coragem quando a sabedoria ainda é como vagalumes que piscam na escuridão.

Nesses momentos entendo na carne o poder do olhar e o tal nascimento que ele dá, tão falado no Budismo. O olhar modifica tudo, abrindo portais ou criando labirintos.

Então, tenho buscando amplitude. Olhares nos fazem nascer, outros são como a morte. Mas no final das contas o que importa são as escolhas que fazemos assim que abrimos os olhos. Uma mágica, um milagre, uma liberdade, são essas possibilidades de escolha num piscar de olhos.


"And I'm sayin' a prayer for the desperate hearts tonight"

sábado, 2 de agosto de 2008

O silêncio que não é , um turbilhão de calmaria


"Ah girassol, farto do tempo
Os passos do sol a contar,
O clima dourado e ameno a buscar
Em que a jornada do viajante chega a seu termo,
Quando a juventude que com o desejo se esvaiu,
E a pálida virgem que de neve se cobriu,
Hão de ansiar e de seus túmulos ressurgir
Para onde meu girassol deseja ir!" 
William Blake

Pausa.
Em tempos de muitos desejos, o silêncio é bem vindo. Antes de ceder ao impulso de mais e mais ação, contraio, interrompo o movimento que muito provavelmente levaria a desdobramentos conhecidos. Experimento o que é esse silêncio e o que virá disso.

Respiro.

Para esses momentos filmes são excelente companhia. Atualmente me interesso por epopéias, figuras históricas e expedições na Natureza, como por exemplo "Alexandre, o Grande" e "No ar rarefeito".

Tenho muito interesse por figuras inovadoras, vanguardistas, revolucionárias, guerreiras, não sei bem a razão. Mas dessa vez, as aventuras fantásticas desses filmes não me tocaram como antes. Não que deixe de admirar esses desbravadores e suas viagens, mas talvez por estar um pouco mais atenta ao que os move, não mexeram tanto comigo...
A saga de Alexandre comprova um monte de coisas que aprendo bem aos poucos com o Budismo e com a vida, por exemplo: quando o foco é a competição não relaxa-se e por mais prazeres e conquistas que obtenha-se, sempre busca-se mais e mais, incansavelmente... Sob orgulho, não há espaço para o outro, ele é apenas mais uma referência para afirmação do que se é ou não,  prestando serviço  apenas a um ego frágil... Alexandre era extremamente carismático, corajoso, mas perdeu de vista a realidade quando a única coisa que via a frente eram suas buscas. Como ele disse: "Cada terra, cada fronteira que cruzo é o fim de mais uma ilusão. Sinto que a morte será a última. Mas continuo avançando para achar esse lar".

Admiro quem quer vencer seus medos e principalmente a si mesmo, mas tenho pensado nas diferentes maneiras de fazê-lo que não sejam apenas grandiosas. O quanto vencemos a nós mesmos quando nos relacionamos realmente com os outros, de forma que haja troca e parceira. Cada vez que incluimos um outro no nosso mundo, nos nossos desejos, nos nossos sonhos parece que um destemor naturalmente  surge e outras perspectivas se abrem para além do simples controle...
"Os sonhadores nos esgotam, precisam morrer antes que nos matem com seus malditos sonhos" - do filme Alexander. "Estamos mais sós quando estamos no mito." A solidão do mito no topo de um ideal talvez seja a fonte da sua tragédia. O herói não é menos solitário mas talvez a diferença principal esteja no fato de que este volte para contar sobre sua jornada aos demais e nesse compartilhar, essa solidão tenha um outro sentido, bem mais profundo. O desejo pelo mito, o ideal e a falta de medo para muitas coisas pode ser perigosa, não necessariamente uma coragem, mas uma certa arrogância ou simplesmente falta de aceitação dos limites.

Não deixo de acreditar na frase de Virgílio de que a sorte favorece os audazes. Será que também não é ousado arriscar um monte de "verdades" para viver uma vida mais consciente e simples? Não é necessário ser ousado para andar contra a corrente desse monte de valores que não fazem mais sentido e se render ao que seja mais lúcido mesmo que desconstrutor, nem que seja por breves momentos?
A ousadia parece estar mais ligada 'a simplicidade do que me ocorria antes.
E a liberdade 'a aceitação de limites do que eu jamais havia percebido...

No Everest quanto mais se avança em direção ao cume, mais o ar se torna rarefeito e menos tempo é possível permanecer para desfrutar do êxtase. Não é bela essa metáfora? Então penso, o ar é rarefeito no auge, os êxtases não duram mais do que devem durar sua natureza de êxtase, assim como todas as emoções. Seria maldição e inveja dos deuses como acreditavam os gregos? Ou uma insistência humana em alcançar o que não se alcança, vencer o que se deveria reverenciar, tocar o que não é tátil, fazer durar o que é e será efêmero, porque essa é sua natureza?


"Sem sair da porta,

conhece-se o mundo;

Sem espiar pela janela,

vê-se o Caminho do céu.

Mais longe a sua saída,

menor o seu conhecimento.

Portanto, o Sábio

não caminha

e mesmo assim conhece;

Não olha

e mesmo assim nomeia;

Não age e mesmo assim conclui."

TAO-TE-CHING
Aforismo 47






Um gato e um blues



Fase de experimentar os grandes opostos. O que é temido e atrai, o que prevalece a razão e o que o coração fala mais alto. Minha noção de "eu" nisso tudo se dissolve tão rápida e levemente que chego a me confundir sobre o que faz parte de mim, quem eu realmente sou e se essa noção existe de verdade.
Muitas vezes me pego falando demais, me exponho, sou mais ação, fogo. Outras silencio, recolho, guardo, sou água. Percebo o quão humano e fascinantes são esses pólos mas a busca por um "equilíbrio", um caminho entre eles permanece, embora na maioria das vezes ele não seja claro.

Tenho percebido mais a simplicidade que existe nas coisas, o que é viver sem respostas, o que é agir sem programar tanto quando respiro e contemplo. Tenho percebido que a entrega é muito mais que se dar, é um permitir-se entrar no universo do outro como numa sala escura, tateando com sorriso no rosto. Isso aprendo olhando nos olhos e ouvindo. Tenho descoberto que muitas vezes falar com um olhar é muito mais significativo, aprendo isso nos espaços entre a energia e a ação.
Noto mais liberdade quando vive-se mais as experiências que os rótulos, instituições, identidades. Os sentimentos que surgem são tão profundos que uma explosão parece eminente. Sinto-me expandindo a medida em que calo, meus desejos cada vez mais fortes a medida em que contenho e a despretensão e a sutileza definitivamente têm sido aspectos altamente sedutores pra mim.
Quero poder transformar esse montão de preconceitos, barreiras e frescuras antigos me dando novas chances, buscando essas chances nos corredores, nas curvas, nas estradas. Se as portas estiverem fechadas não insisto mais, se houver uma fresta entro como um gatinho, se estiverem abertas, me entrego.

Dentro disso tudo, quero falar de você.
Te ver tocar, observar seus movimentos no ritmo, conectar com a sua batida fluida e tudo o que não era explícito. Você lembrar de coisas que falei anos atrás, do meu jeito como quem me conhece mesmo ... Olhar você, entrar no seu mundo, compartilhar os sonhos, ver seus olhos brilharem quando falava do que te fazia feliz.
"Meu dom...Ah, meu dom é o samba". Lindo isso.
E depois de tagarelar, você me observar apesar de toda sua dificuldade de atenção, uma pergunta profunda... Aquele olhar, um misto de atenção, carinho e malícia foi decisivo.

Portanto, esse post é pra você, aquariano de olhos verdes e mãos leves que vive de ritmo.

"Sister, you've been on my mind
Sister, we're two of a kind
So sister, I'm keepin' my eyes on you
I betcha think
I don't know nothin'
But singin' the blues
Oh sister, have I got news for you
I'm somethin'
I hope you think
that you're somethin' too

Oh, Scufflin',
I been up that lonesome road
And I seen a lot of suns goin' down
Oh, but trust me
No low life's gonna run me around

So let me tell you somethin' sister
Remember your name
No twister,
gonna steal your stuff away
My sister
Sho'ain't got a whole lot of time
So shake your shimmy,
Sister
'Cause honey
this 'shug is feelin' fine"

Miss Celie's blues - Quincy Jones