segunda-feira, 29 de outubro de 2007
A cor do paraíso
Filme iraniano, sensível como a maioria dessa origem.
A história de um menino cego e sua relação com o mundo me fez recordar a infância…
Que cena linda ele colocando o passarinho no ninho…
Que coisa linda suas lágrimas falando de Deus…
Um sopro, uma delicadeza, alimento bom pra saudade da infância, pra minha criança que anda tão presente…
Que tristeza quando nossos pais demoravam a nos buscar na escola.
Que saudades dos meus avós, de apertar aquelas mãos…
Que liberdade poder correr na natureza…
São essas imagens simples, que formam o conjunto do sublime de ser criança.
Ah, vamos lembrar a criança que fomos, a criança que somos .
A alegria da hora do recreio, o sabor doce do algodão, o cheiro gostoso da lancheira, a boca lambuzada, os pés descalços cheios de sujeira, o cabelo duro de tanta poeira, o solzinho no corpo e o ventinho no rosto…
Ah, lembre-mo-nos do que é essa parte tão preciosa, esse bauzinho que insistimos em não abrir, mas que guarda um grande tesouro.
Uma época onde ser puro era permitido, chorar profundo não doía tanto, rir de barriga era mais fácil, e brincar era uma lei.
Vamos pegar nossa criança pela mão e dar um grande passeio num campo de flores….
Foi isso que esse filme fez por mim.
P.S: Obrigada querida Ama, por sempre indicar e partilhar tudo de lindo que vc vê por aí
O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford
"Look at my red hands and my mean face... and I wonder 'bout that man that's gone so wrong." Jesse James
Longa dirigido pelo neozelandês Andrew Dominik, conta a história de Jesse James, lenda do banditismo americano do século 18, e seu bando liderado por ele e seu irmão Frank (interpretado pelo genial Sam Shepard). A história percorre as tramas da dinâmica entre os membros do bando e, principalmente, a relação de Robert Ford (em ótima
atuação de Casey Affleck) com o "mito" de Jesse. Bob tenta desconstruir o ídolo com a ilusão de
estar construindo a si mesmo durante a convivência com ele, numa ambiguidade de fiel escudeiro tímido/assassino calculista que confunde e perturba. Logo de cara o filme impressiona por sua grandeza e poesia, um western onde a sutileza dá o tom, seja nas imagens, mensagens, enquadramentos ou na fotografia belíssima. Brad Pitt é um excelente ator e há determinados papéis que lhe
caem como uma luva, Jesse James é um deles.
Jesse é acessível e essa "disponibilidade" não o fragiliza. Ele é divertido, até dócil, mas a transição para o cruel pode ser imediata. Aprofundando um pouco, algo que se destaca são os olhares: as trocas de olhares, o olho no olho, isso é muito claro nos filmes de faroeste e de lutas orientais. Aquele olhar presente, profundo, que reflete a "ética" e firmeza por trás da atitude, mesmo que transgressora e até violenta. Inclusive um olhar que Brad Pitt representa muito bem, (vide outros filmes como Legends of the Fall e Seven) um olhar de homem, no sentido mais profundo da palavra. Olhar de quem é o que é e por sua presença e força, possui uma intuição quase que felina para as nuances e transições em seu entorno.
Bob Ford vai se confundindo e se perdendo na imagem de Jesse, pois ao invés de se inspirar, ele começa simbioticamente a querer "ser" Jesse, e é previsível onde esse caminho vai terminar... Já para Jesse, está tudo bem em tê-lo por perto, inclusive com os sinais de perigo iminentes e é curiosa a relação com o medo que os personagens têm. Quanto mais fracos em seu íntimo, mais medrosos são a qualquer pequeno sinal (e mais segurança encontram num revólver). Em contrapartida, Jesse permanece firme mesmo nos momentos ameaçadores, caminhando na estrada que escolheu, cumprindo seu "destino", arcando com todas as consequências. O simples ar de sua presença intimida e ele não faz esforços para que isso aconteça, é sua forma de viver que gera essa sensação . Claro que ele dá provas de ser implacável, mas é algo que transpõe esse externo: é sua qualidade de presença que sustenta sua força (e um revólver, definitivamente não é sua segurança).
Enfim, uma obra cujo ritmo lento e contemplativo de sua narrativa merece ser saboreado, um filme sobre homens em um contexto rústico sob uma ótica quase onírica e muito sensível.
No mínimo, algo muito novo para um gênero clássico e até um tanto desgastado, como os westerns americanos.
Jesse é acessível e essa "disponibilidade" não o fragiliza. Ele é divertido, até dócil, mas a transição para o cruel pode ser imediata. Aprofundando um pouco, algo que se destaca são os olhares: as trocas de olhares, o olho no olho, isso é muito claro nos filmes de faroeste e de lutas orientais. Aquele olhar presente, profundo, que reflete a "ética" e firmeza por trás da atitude, mesmo que transgressora e até violenta. Inclusive um olhar que Brad Pitt representa muito bem, (vide outros filmes como Legends of the Fall e Seven) um olhar de homem, no sentido mais profundo da palavra. Olhar de quem é o que é e por sua presença e força, possui uma intuição quase que felina para as nuances e transições em seu entorno.
Bob Ford vai se confundindo e se perdendo na imagem de Jesse, pois ao invés de se inspirar, ele começa simbioticamente a querer "ser" Jesse, e é previsível onde esse caminho vai terminar... Já para Jesse, está tudo bem em tê-lo por perto, inclusive com os sinais de perigo iminentes e é curiosa a relação com o medo que os personagens têm. Quanto mais fracos em seu íntimo, mais medrosos são a qualquer pequeno sinal (e mais segurança encontram num revólver). Em contrapartida, Jesse permanece firme mesmo nos momentos ameaçadores, caminhando na estrada que escolheu, cumprindo seu "destino", arcando com todas as consequências. O simples ar de sua presença intimida e ele não faz esforços para que isso aconteça, é sua forma de viver que gera essa sensação . Claro que ele dá provas de ser implacável, mas é algo que transpõe esse externo: é sua qualidade de presença que sustenta sua força (e um revólver, definitivamente não é sua segurança).
trailer
Enfim, uma obra cujo ritmo lento e contemplativo de sua narrativa merece ser saboreado, um filme sobre homens em um contexto rústico sob uma ótica quase onírica e muito sensível.
No mínimo, algo muito novo para um gênero clássico e até um tanto desgastado, como os westerns americanos.
sábado, 27 de outubro de 2007
The painted veil
The painted veil. Traduzido como "O despertar de uma paixão."
Naomi Watts e Edward Norton estão ótimos.
O filme é bonito. Doloridamente bonito.
Trata de questões muito sutis, muito tristes de um casal.
Mas com um deseronlar muito libertardor.
E se libertar sem um pouquinho de dor é quase que humanamente impossível.
Pra mim, esse diálogo é o grande salto do filme. Verdadeiro, o início da cura:
" - I think what you're doing, for instance, is incredible noble.
- You used to feel contempt for me, don't you still?
- Walter, I can't believe with all your cleverness should have such little sense of proportion. We humans are more complex than your silly little microbes. We're unpredictable. We make mistakes and we disappoint.
- Yes, we certainly do.
- I'm sorry. I'm sorry I'm not the perfect young woman you want me to be. I'm just ordinary. I never tryed to pretend that I was anything else.
- No, you certainly didn't.
- I like the theater, and dancing and playing tennis. I like games. I like man who play games. God forgive me, that was the way I was brought up.
- Well I play a pretty fierce hand of bridge.
- Well, that's bloody exciting! rs And you dragged me around all those interminable galleries in Venice.(..) Honestly, I'd have been much happier playing golf at Sandwich.
- I suppose you're right. It was silly of us to look for qualities in each other that we never had.
- Yes, yes it was."
Depois disso, uma das cenas de amor mais excitantes que já vi.
A sensualidade do liberar o que estava encouraçado, escondido, reprimido por um simples véu, que eles mesmos criaram...
O véu do não envolvimento, do deixar subentendido, velado...
O cessar a sede, se atirar, se entregar a fonte... E aí o despertar.
Enfim, o grande lance da transformação é essa jornada interna, no silêncio e as vezes até na reclusão, que nos abre novas perspectivas. Aí estamos prontos para olhar e dar vida ao outro, e, ao mesmo tempo a nós mesmos.
Wishes
Hoje uma pessoa muito linda, me perguntou sincera e despretenciosamente o que eu quero.
O que eu desejo?
Achei que seria simples responder... Mas fiquei na encruzilhada...
Por hora, consigo responder com um trecho do Frank Sinatra que me traz uma linda imagem do que eu desejo na vida:
"Fly me to the moon and let me play among the stars".
Ela me alertou para ter cautela do que pedir, pois com certeza eu seria atendida, então...
Atenção Universo, em ALTO E BOM som é isso que eu quero.
Voar até a lua, de preferência cheia e bem luminosa, assim como hj.
E brincar no meio das estrelas.
Quem sabe dançar também?
Leve, atemporal, presente e infinita!
Ou como na Divina Comédia, de Dante: "... E poi uscimmo a riveder le stelle."
Passado o inferno, o purgatório, o céu
Acabar assim, juntos a ver estrelas...
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
tu tu tu tu
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Um pouco mais de lucidez
"Nossas identidades são flutuantes, não têm sabedoria e nós não temos gestão própria sobre elas.Portanto, as relações são problemáticas, não só conosco mas com os outros também.
Então quando nós nos juntamos somos como duas bóias no mar revolto, no início estão próximas mas, ao final de um certo tempo, cada uma pode estar em um oceano distinto. Os ventos e as ondas vão nos arrastando, não temos propriamente capacidade de gerir, de determinar a direção. No budismo, nosso objetivo é recuperar esta direção. Como recuperar esta direção e como, após recuperá-la, podemos nos aproximar e gerar relações estáveis e satisfatórias?" –Lama Padma Samten
Palestra com o Lama Padma Samten, mais uma oportunidade de ter contato com sua luz, alegria, generosidade. Um pouco mais de lucidez no caminho.
O tema foi relacionamentos. De início a constatação: a roda da vida é uma forma de viver, uma construção artificial e fazemos essas construções de acordo com nossas estruturas internas.
Portanto, todos os relacionamentos passam por essa dinâmica. Se nós estamos em constante mudança, sujeitos a impermanência da roda da vida como indivíduos, é inevitável que os relacionamentos passem por esse processo também.
A outra constatação feliz: é possível relacionar-se de forma lúcida.
Ele usou esse exemplo da bóia como principal ilustração. Nós construímos essas relações de "bóia" e não temos como controlar de nenhuma maneira o rumo que elas tomarão, já que estamos todos nesse imenso oceano de samsara. Mas o Lama propõe uma bela solução: relacionar-se de forma natural e feliz, sem repressões e sem artificialidades. Ou seja, conduzir os relacionamentos de uma forma em que tudo flua de acordo com sua dinâmica, incluindo saber amorosamente romper caso os objetivos de felicidade, naturalidade e liberdade não estejam mais acontecendo. Isso requer compaixão e um Amor sem apego e desejo, um Amor expandido a todos e não focado apenas no objeto da paixão, ou nos mais próximos.
As relações baseadas no desejo e apego são sempre aflitivas, pois estão condicionadas a uma aprovação, a uma satisfação das carências o tempo todo. E assim seguem em constante oscilações, gerando sofrimento. Quando surge a paz, a energia é constante. Devemos almejar que a lucidez acompanhe nossos sentidos, aí surge a sabedoria.
Uma forma de seguir pacificamente os relacionamentos é sempre reverenciar as qualidades essenciais do outro, tentando nos abster de suas formas materiais, olhando pra maravilhosa energia que emana daquele ser (isso é muito lindo).
Por exemplo, ao invés de admirar simploriamente uma mulher por seus longos cabelos e suas lindas curvas ou um homem pelo seu físico atlético e suas características másculas, tentar acessar além, reverenciando a energia masculina ou feminina que emana daquele ser.
Depois, uma outra dica: o raciocínio da mente não é suficiente para que se consiga concretizar tudo isso. Esse processo é no coração, de onde surge o lung (uma energia amorosa que brota do sentir) que motiva todos os sentimentos positivos que direcionarão as ações positivas. Para isso o ponto de partida é o silêncio original (através da meditação) onde acessamos nossa natureza livre com o lung e não com a mente.
Para as diversas relações, sejam familiares, sejam amorosas, de amizade, ele sugere a meditação Metta Bhavana, numa abordagem tantraiana ou seja, sentindo profundamente o que se diz:
"Que eu seja feliz
Que eu me livre do sofrimento
Que eu encontre as causas da felicidade
Que eu supere as causas de sofrimento
Que eu me libere totalmente das estruturas cármicas
Que a lucidez acompanhe meu olhar
Que eu possa realmente beneficiar os outros seres".
E assim, fazer a mesma meditação para os seres que geram atração, repulsa ou indiferença, liberando um a um e nos liberando também das negatividades.
Dessa forma, tentei resumir o que ouvi. Tudo em perfeita lógica e sentido, leveza e amor.
Estava em casa.
A tristeza se dissolve naturalmente, dando lugar ao contentamento e amorosidade.
Então quando nós nos juntamos somos como duas bóias no mar revolto, no início estão próximas mas, ao final de um certo tempo, cada uma pode estar em um oceano distinto. Os ventos e as ondas vão nos arrastando, não temos propriamente capacidade de gerir, de determinar a direção. No budismo, nosso objetivo é recuperar esta direção. Como recuperar esta direção e como, após recuperá-la, podemos nos aproximar e gerar relações estáveis e satisfatórias?" –Lama Padma Samten
Palestra com o Lama Padma Samten, mais uma oportunidade de ter contato com sua luz, alegria, generosidade. Um pouco mais de lucidez no caminho.
O tema foi relacionamentos. De início a constatação: a roda da vida é uma forma de viver, uma construção artificial e fazemos essas construções de acordo com nossas estruturas internas.
Portanto, todos os relacionamentos passam por essa dinâmica. Se nós estamos em constante mudança, sujeitos a impermanência da roda da vida como indivíduos, é inevitável que os relacionamentos passem por esse processo também.
A outra constatação feliz: é possível relacionar-se de forma lúcida.
Ele usou esse exemplo da bóia como principal ilustração. Nós construímos essas relações de "bóia" e não temos como controlar de nenhuma maneira o rumo que elas tomarão, já que estamos todos nesse imenso oceano de samsara. Mas o Lama propõe uma bela solução: relacionar-se de forma natural e feliz, sem repressões e sem artificialidades. Ou seja, conduzir os relacionamentos de uma forma em que tudo flua de acordo com sua dinâmica, incluindo saber amorosamente romper caso os objetivos de felicidade, naturalidade e liberdade não estejam mais acontecendo. Isso requer compaixão e um Amor sem apego e desejo, um Amor expandido a todos e não focado apenas no objeto da paixão, ou nos mais próximos.
As relações baseadas no desejo e apego são sempre aflitivas, pois estão condicionadas a uma aprovação, a uma satisfação das carências o tempo todo. E assim seguem em constante oscilações, gerando sofrimento. Quando surge a paz, a energia é constante. Devemos almejar que a lucidez acompanhe nossos sentidos, aí surge a sabedoria.
Uma forma de seguir pacificamente os relacionamentos é sempre reverenciar as qualidades essenciais do outro, tentando nos abster de suas formas materiais, olhando pra maravilhosa energia que emana daquele ser (isso é muito lindo).
Por exemplo, ao invés de admirar simploriamente uma mulher por seus longos cabelos e suas lindas curvas ou um homem pelo seu físico atlético e suas características másculas, tentar acessar além, reverenciando a energia masculina ou feminina que emana daquele ser.
Depois, uma outra dica: o raciocínio da mente não é suficiente para que se consiga concretizar tudo isso. Esse processo é no coração, de onde surge o lung (uma energia amorosa que brota do sentir) que motiva todos os sentimentos positivos que direcionarão as ações positivas. Para isso o ponto de partida é o silêncio original (através da meditação) onde acessamos nossa natureza livre com o lung e não com a mente.
Para as diversas relações, sejam familiares, sejam amorosas, de amizade, ele sugere a meditação Metta Bhavana, numa abordagem tantraiana ou seja, sentindo profundamente o que se diz:
"Que eu seja feliz
Que eu me livre do sofrimento
Que eu encontre as causas da felicidade
Que eu supere as causas de sofrimento
Que eu me libere totalmente das estruturas cármicas
Que a lucidez acompanhe meu olhar
Que eu possa realmente beneficiar os outros seres".
E assim, fazer a mesma meditação para os seres que geram atração, repulsa ou indiferença, liberando um a um e nos liberando também das negatividades.
Dessa forma, tentei resumir o que ouvi. Tudo em perfeita lógica e sentido, leveza e amor.
Estava em casa.
A tristeza se dissolve naturalmente, dando lugar ao contentamento e amorosidade.
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Eu não sei de nada
Eu não sei de nada.
Essa fotografia aconteceu sem o menor planejamento
Tirar essa fotografia foi uma vida de não-saber que passa pelas vísceras até chegar ao dedo que aperta o botão do clique.
Uma vida toda catalisada em segundos não esperados.
Eu também não sei tirar fotografia.
Mas é uma bela imagem e (o mais fascinante é que) assim seria com ou sem minha câmera....
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Meu mestre no caminho
Conhceci o CEBB (Centro de Estudos Budistas Bodisatva) através de um grande amigo.
Já frequentava um outro Centro, mas assim que tive contato com o Lama Padma Samten, algo mudou. Sua presença por si só transmite uma sensação diferente. Ouvi-lo, seja num retiro ou numa tarde, enche o coração.
Sua linguagem é acessível, direta e muito bem humorada, sem perder a profundidade. Ele me inspirou a ir cada vez mais fundo nos ensinamentos budistas, a mergulhar nesse universo de lucidez.
Ele foi professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul por 25 anos, no departamento de Física. Mais tarde, ordenado por seu mestre Chagdud Tulku Rinpoche como lama budista da linhagem Ningmapa.
Seus ensinamentos são apresentados com o foco de beneficiar os seres diretamente em seu cotidiano.
E é um privilégio tê-lo por perto no caminho.
"Ofereça sua presença amistosa a todos. Alegre-se com o fato de que suas capacidades podem beneficiar os outros.
Sua vida ficará plena."
Lama Padma Samten
Namastê
Já frequentava um outro Centro, mas assim que tive contato com o Lama Padma Samten, algo mudou. Sua presença por si só transmite uma sensação diferente. Ouvi-lo, seja num retiro ou numa tarde, enche o coração.
Sua linguagem é acessível, direta e muito bem humorada, sem perder a profundidade. Ele me inspirou a ir cada vez mais fundo nos ensinamentos budistas, a mergulhar nesse universo de lucidez.
Ele foi professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul por 25 anos, no departamento de Física. Mais tarde, ordenado por seu mestre Chagdud Tulku Rinpoche como lama budista da linhagem Ningmapa.
Seus ensinamentos são apresentados com o foco de beneficiar os seres diretamente em seu cotidiano.
E é um privilégio tê-lo por perto no caminho.
"Ofereça sua presença amistosa a todos. Alegre-se com o fato de que suas capacidades podem beneficiar os outros.
Sua vida ficará plena."
Lama Padma Samten
Namastê
Meu mestre de fé
Sempre presente de forma forte e intensa, como expressar o que Jesus Cristo significa pra mim? Não poderia deixar de falar dele, o primeiro mestre espiritual que fez parte da minha vida, aquele que inspirou a aprofundar a busca, a investigar o que não fazia sentido, a olhar mais adiante... Sempre me interessei por sua história, interpretando de forma muito particular o que lia e me ensinavam. Tanto que quando li "O evangelho segundo Jesus Cristo",de Saramago, tive a sensação de que ele tinha lido meus pensamentos.
Eu não tenho religião e muitos me questionam sobre isso, como se para admirar e me conectar com Jesus eu tivesse que pertencer a algum “clube”. Ou como se frequentando e estudando o Budismo eu não pudesse ter conexão com Cristo... Mas a espiritualidade de crachá nunca foi meu forte, tudo o que busco e aprendo no campo espiritual é tão complementar e amplo que entendo melhor hoje o que Jesus queria dizer em contato com diversos tipos de filosofia.
Ele foi um grande líder espiritual de seu tempo, mais um ser iluminado que passou por esse planeta. Não saberia explicar lógica e racionalmente nossa ligação, é muito profunda desde criancinha (tanto que eu achava que ele estava vivo até os sete anos de idade). Quando descobri, numa sexta feira santa, que ele havia morrido, chorei uma tarde inteira. Na hora da dor, lá tava eu de joelhos pedindo lucidez, na hora da alegria lá esttava em silêncio tentando me conter em gratidão.
Ele ensina sobre compaixão, amor, doação. Ele viveu como o mais comum dos seres oferecendo suas palavras e atos de lucidez onde quer que fosse. A imagem que tenho dele é muito sutil e é muito estranho ver como vulgarizam suas palavras e sua figura numa idolatria cega e vazia. Não te vejo pregado numa cruz, te vejo de braços abertos, iluminando e inspirando a amar, doar, não conseguir ficar indiferente, a querer ser um instrumento de ação no mundo.
Isso é o tanto que consigo expressar em palavras, com ele aprendi a devoção, que aquece sempre o coração só de conectar, principalmente quando esqueço o caminho de volta pra casa :-)
domingo, 14 de outubro de 2007
Minhas mestras no Feminino
Com a Erica, aprendi a decifrar meu corpo. A olhá-lo além das formas, a cuidar com amor dessa casa. Entre tantas dores, suas mãos de luz sempre me trouxeram alívio e carinho. Sempre com muita lucidez, o contato com ela faz a gente ter vontade de abraçar o mundo. Pessoa de alma pura, generosa, sábia. Amiga das mais queridas.
Com Amaniksha mergulhei a fundo no que é ser (e realmente Ser) uma mulher. Na roda, na comidinha dividida, nos detalhes, ensinamentos, partilhas, rituais. Leveza de fada. Através da dança, contato profundo com a essência feminina, movimentando estagnações e condicionamentos. Pela aura soma, a sabedoria que me despertava a cada consulta.
Com a Ana, energia pura. Afinidade instantânea, firmeza, toque iluminado. Aprendo cada vez mais auto-confiança, uma feiticeira de olhar profundo.
Com todas vocês, um encontro é adentrar um portal, um lugar especial que está acima desse espaço terreno. Sou privilgiada por trocar com mulheres tão especiais. Mulheres com "m" maiúsculo, no que de mais bonito e profundo isso possa significar. Energia de doação, leveza, fluidez, amor.
Minha enorme gratidão e amizade.
Com Amaniksha mergulhei a fundo no que é ser (e realmente Ser) uma mulher. Na roda, na comidinha dividida, nos detalhes, ensinamentos, partilhas, rituais. Leveza de fada. Através da dança, contato profundo com a essência feminina, movimentando estagnações e condicionamentos. Pela aura soma, a sabedoria que me despertava a cada consulta.
Com a Ana, energia pura. Afinidade instantânea, firmeza, toque iluminado. Aprendo cada vez mais auto-confiança, uma feiticeira de olhar profundo.
Com todas vocês, um encontro é adentrar um portal, um lugar especial que está acima desse espaço terreno. Sou privilgiada por trocar com mulheres tão especiais. Mulheres com "m" maiúsculo, no que de mais bonito e profundo isso possa significar. Energia de doação, leveza, fluidez, amor.
Minha enorme gratidão e amizade.
sábado, 13 de outubro de 2007
Pausa para o mestre Paulo Autran
Choque ao abrir o jornal. Ele era um desses atores que pareciam imortais.
De fato sua aura imortal permanece, assim como acontece com os grandes.
Fico arrepiada ao abrir a Ilustrada e dar de cara com aquela foto maravilhosa! (essa mesma foto que publico aqui).
Paulo Autran me inspirou profundamente a pegar gosto e apreciar o bom teatro.
E foi como Rei Lear, em 1996, com direção de Ulisses Cruz, exatamente a foto de capa do jornal em sua homenagem!
Essa foi a primeira peça de Shakespeare que li, a primeira que me despertou meu interesse em fuçar cada vez mais o universo shakespeareano. Uma peça que mexeu com muitas questões que já germinavam dentro de mim...
E tive o privilégio de assisti-la, numa adaptação brilhante, estrelada por Paulo Autran.
Quando abriram as cortinas e ele surgiu, crescendo como Lear, comecei a chorar de emoção.
Um desses momentos mágicos, únicos que a arte pura nos oferece, e ele personificava isso.
"Acho que a morte é que faz a vida ser tão boa. Já imaginou que horrível viver eternamente? Pra sempre? Não poder morrer, não poder acabar? E é por isso que viver é tão bom, é tão impressionante, é tão prazeroso"
Paulo Autran
De fato sua aura imortal permanece, assim como acontece com os grandes.
Fico arrepiada ao abrir a Ilustrada e dar de cara com aquela foto maravilhosa! (essa mesma foto que publico aqui).
Paulo Autran me inspirou profundamente a pegar gosto e apreciar o bom teatro.
E foi como Rei Lear, em 1996, com direção de Ulisses Cruz, exatamente a foto de capa do jornal em sua homenagem!
Essa foi a primeira peça de Shakespeare que li, a primeira que me despertou meu interesse em fuçar cada vez mais o universo shakespeareano. Uma peça que mexeu com muitas questões que já germinavam dentro de mim...
E tive o privilégio de assisti-la, numa adaptação brilhante, estrelada por Paulo Autran.
Quando abriram as cortinas e ele surgiu, crescendo como Lear, comecei a chorar de emoção.
Um desses momentos mágicos, únicos que a arte pura nos oferece, e ele personificava isso.
"Acho que a morte é que faz a vida ser tão boa. Já imaginou que horrível viver eternamente? Pra sempre? Não poder morrer, não poder acabar? E é por isso que viver é tão bom, é tão impressionante, é tão prazeroso"
Paulo Autran
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Meus mestres do cinema
Tudo começou com "My own private Idaho", de Gus Van Sant. Ali entendi, que alguns diretores de cinema tinham o dom de trazer para as telas um universo íntimo, particular ao qual muitas vezes nem tínhamos acessado até então e que a partir do momento em que acessamos, nossa vida parece não ser mais a mesma. Muito do que é impossível traduzir em palavras, que pertencem aos simbolismos, alguns grandes mestres conseguiram transformar nessa grande arte.
Amo cinema, de alguns bolockbusters a cults, o importante é que seja vivo, pulsante, humano. Que traga a fantasia a tona, faça sonhar e acordar.
Cinema é como uma "terapia", as vezes um "oráculo" outras como uma meditação, me conheço cada vez mais através dos filmes, vou fundo, viajo. Um filme bom é sempre um novo despertar, uma cortina que se abre para outros olhares e perspectivas.
Aqui seguem os mais marcantes:
Wim Wenders descobri na faculdade. Asas do desejo, Tão longe Tão perto, poesia pra degustar. Paris Texas e o recente Estrela Solitária, road movies belos e profundos, gênero que ele domina como ninguém.
Akira Kurosawa com "Sonhos", me tirou do chão. Que capacidade maravilhosa de representar o etéreo... E "Os Sete Samurais" (que mais tarde inspirou o ótimo western "Sete Homens e um destino") um lindo clássico.
Frederico Fellini, dispensa apresentações. Seu estilo é marcante, leve na condução (que parece sempre fruto orgânico do acaso) ele toca a ferida com suavidade. Com maestria trata do sonho, da fantasia. Meus pereferidos: La dolce Vita, Oito e meio e As Noites de Cabíria.
Tim Burton, visionário, original, criativo, estilo próprio e único. Seja com Noiva Cadáver, Big Fish (meu predileto e um dos filmes mais significativos da vida) ou a Fantástica Fábrica de Chocolates, entre outros curtas de animação. No sombrio, ele joga luz e faz a gente viajar no seu universo fantástico.
Manoj Night Shyamalan, já tinha me impressionado com A Vila. Lady in the Water é um filme que me tocou de forma marcante, cheio de significados profundos que só um homem de alma muito aguçada seria capaz de reproduzir. Talvez o fato de ser ter nascido na Índia contribua pra isso, uma contribuição muito digna ao cinema americano.
Quentin Tarantino foi me ganhar definitivamente com Kill Bill 1 e 2. Ali ficou mais clara a genialidade como roteirista, diretor e editor (adoro seus cortes!). A forma como ele costura referências tão distintas e seus diálogos são brilhantes. Há muita sensilbilidade e sutileza por trás dessa violência toda.
Walter Salles é meu preferido nacional. Sensíbilísssimo. Meus preferidos: Diários de Motocicleta e Central do Brasil.
O melhor de assistir filmes não é analisá-los. É senti-los, contemplá-los, ser nutrido por eles e depois compartilhar a experiência. ;-)
"Towards the true image of that absolute and mysterious reality that nobody will ever see"
Antonioni
Minha mestra de vocação
Nunca vou esquecer quando entrei pela primeira vez em seu ateliê.
Vê-la transformar folhagens e flores, como num passe de mágica numa linda obra de arte me emocionou. Ali tive certeza de que era isso que queria fazer dali em diante e o medo antigo foi substituído por uma grande vontade de me atirar naquele universo completamente novo.
Ela abriu as portas, a agenda, o coração. A mágica começou em minha vida, adentrei o portal pelas mãos dessa fada, dessa mulher amorosa, doce, bondosa, livre.
Ela me ensinou muito mais que um ofício ou uma arte. Ela me ensinou tudo de intangível e sutil por trás do mundo das flores, aqueles segredos luminosos que só uma mestra tem.
Sem pereceber já estava num caminho sem volta, imersa, inebriada, entregue. Vi milagres acontecerem o tempo todo, tudo muito intenso, forte.
E ela sempre percebendo com grande sensibilidade tudo que acontecia comigo, me chacoalhava, me incentivava, me orientava.
Uma relação de vínculo verdadeiro, troca sem cobranças, sem obrigações, espontânea e leve.
Um presente, uma benção, um privilégio em minha vida.
Kátia querida, que a troca não termine jamais.
Se de semente passei a botão de flor, foi pelo amor das suas mãos.
Minha gratidão eterna, do fundo do meu coração.
Vê-la transformar folhagens e flores, como num passe de mágica numa linda obra de arte me emocionou. Ali tive certeza de que era isso que queria fazer dali em diante e o medo antigo foi substituído por uma grande vontade de me atirar naquele universo completamente novo.
Ela abriu as portas, a agenda, o coração. A mágica começou em minha vida, adentrei o portal pelas mãos dessa fada, dessa mulher amorosa, doce, bondosa, livre.
Ela me ensinou muito mais que um ofício ou uma arte. Ela me ensinou tudo de intangível e sutil por trás do mundo das flores, aqueles segredos luminosos que só uma mestra tem.
Sem pereceber já estava num caminho sem volta, imersa, inebriada, entregue. Vi milagres acontecerem o tempo todo, tudo muito intenso, forte.
E ela sempre percebendo com grande sensibilidade tudo que acontecia comigo, me chacoalhava, me incentivava, me orientava.
Uma relação de vínculo verdadeiro, troca sem cobranças, sem obrigações, espontânea e leve.
Um presente, uma benção, um privilégio em minha vida.
Kátia querida, que a troca não termine jamais.
Se de semente passei a botão de flor, foi pelo amor das suas mãos.
Minha gratidão eterna, do fundo do meu coração.
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Meu mestre no amor
Ele sabe quem é.
Com ele tive acesso a um universo totalmente novo: sensações, muitas sensações.
De vê-lo pela primeira vez, sabia que era com ele que ia me casar e isso, foi só o começo de uma grande convivência… Costumávamos dizer que nossa magia era nossa força e criar universos paralelos, linguagens, figuras, imagens que só nós dois entendíamos. Aí nasceu meu segundo idílio: um grande campo de girassóis.
Foi um sonho muito lindo, uma conexão muito grande de alma, um amor que se mostrou sempre, espiritual. Aprendi, com você, um amor diferente e grande, de superação de constantes desafios, sem perder de vista o horizonte.
O que poderíamos ter feito melhor? Nada.
Demos o que estava ao nosso alcance, e posso dizer que o amor, a confiança, o cuidado que recebi nunca irei esquecer.
A ligação permanence em outro nível, uma amizade velada.
Uma pessoa muito digna, bondosa, brilhante.
Você também foi meu anjo.
Começo a entender melhor essa história anos depois de ter ido embora.
Afinal, nossa magia era nossa força, ele escolheu um outro caminho e eu já não me adequava mais aquele. A força acabou. A magia acabou.
Aprendi coisas maravilhosas com a dor do rompimento. De passarinho tremendo no ninho, passei a voar, longe… Hoje consigo ver tudo do alto.Voando e pousando, no campo de girassóis.
Sim, entre partilhas e acertos, a maior herança foi o imenso campo, descobri ser sempre meu, por direito e conquista.
E espero que assim seja contigo,veja sempre do alto, livre, aberto e receba em seu idílio, sua filha.
Minha grande consideração e respeito por essa história vivida em todas as suas nuances.
Por tudo isso, meu coração está pleno e cada vez mais aberto, hoje.
Obrigada por tudo, pelo amor e pela dor.
P.S: Obrigada Gustavo por ser o start dessas viagens no tempo... meus mestres não seguem a mesma linha do seu blog mas vou seguir falando sobre essas as figuras importantes e marcantes em cada fase da minha vida daqui pra frente.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Meu mestre de valores de vida
Ele veio muito pequeno da Itália para o Brasil com seus pais, como muitos italianos daquela época, para morar no interior de São Paulo e viver de agricultura. Cresceu trabalhando na roça e com o tempo e dedicação gerenciou fazendas até que se instalou em Uchoa, onde construiu seu próprio sítio dedicado a plantação de café, laranja e limão, entre outros. Seu trabalho e amor pela terra o tornaram um agricultor que fazia brotar, frutificar, fluir com suas mãos. Um verdadeiro encantador amoroso, famoso por conseguir fazer beleza do caos.
Referência número um em valores de vida. Por ele, minha infância foi maravilhosa e o que sou, é em grande parte consequência da felicidade dessa convivência.
O sítio foi meu primeiro idílio. Correr descalça entre os pés de café e laranja, subir nas jabuticabeiras e mangueiras... Comer jaca sentada no chão, enquanto ele com sua faquinha nas mãos ia distribuindo os gomos e contando histórias. O vento no rosto e o cabelo duro de poeira na caçamba da caminhonete pela estrada, uma das minhas aventuras prediletas. O "pon" fresquinho (como ele falava pão com sotaque italiano) do café da tarde e a horta colorida no quintal que ele mantinha com um cuidado digno de mestre Zen.
A hora de ficar quieta enquanto ele assistia religiosamente ao Jornal Nacional, aproveitar a soneca imprevista para fazer "chuquinhas" nos seus cabelos grossos e fartos e depois vê-lo acordar dando risada da travessura.
Não tinha melhor lugar no mundo, um estar-em-casa, aconchego, carinho sem igual.
Lembro das suas tardes no ponto de táxi, conversando e rindo com os amigos e o respeito que a cidade toda tinha por ele. E o orgulho de carregar a neta e apresentar a todos como "seu sangue", o que me dava uma sensação especial de pertencer a um mundo mágico onde só com ele era possível acessar.
Eu o amo tanto que nem sei como expressar pois o alcance se torna mínimo, as palavras frágeis, tudo fica pequeno quando se fala dele. Porque o que aprendi com ele, meu grande mestre, foi na troca, na brincadeira, na risada, na mão dada, na caçamba da caminhonete, na força da palavra firme, num silêncio. Acima de tudo, aprendi com ele no exemplo, onde palavras, atitudes e sentimentos estavam alinhados, um homem íntegro cuja presença nos levava junto sem nenhum esforço. Um respeito tão natural e sem medidas de uma afinidade que vai além, não se explica. Nunca levei uma bronca, nunca sequer brigamos. O que sempre prevaleceu foi gratidão e amor. Ação no fio do bigode, italiano de gênio forte e coração sem tamanho. Com ele entendi o real significado de hombridade.
Meu agradecimento profundo por tudo, tudo meu avô que você ofereceu. Levarei comigo esse legado precioso por toda a vida e espero, ao fim dela, ter tido ao menos uma parte da dignidade da sua.
Meu amor a você, Ângelo Dario Marcuzzo.
Referência número um em valores de vida. Por ele, minha infância foi maravilhosa e o que sou, é em grande parte consequência da felicidade dessa convivência.
O sítio foi meu primeiro idílio. Correr descalça entre os pés de café e laranja, subir nas jabuticabeiras e mangueiras... Comer jaca sentada no chão, enquanto ele com sua faquinha nas mãos ia distribuindo os gomos e contando histórias. O vento no rosto e o cabelo duro de poeira na caçamba da caminhonete pela estrada, uma das minhas aventuras prediletas. O "pon" fresquinho (como ele falava pão com sotaque italiano) do café da tarde e a horta colorida no quintal que ele mantinha com um cuidado digno de mestre Zen.
A hora de ficar quieta enquanto ele assistia religiosamente ao Jornal Nacional, aproveitar a soneca imprevista para fazer "chuquinhas" nos seus cabelos grossos e fartos e depois vê-lo acordar dando risada da travessura.
Não tinha melhor lugar no mundo, um estar-em-casa, aconchego, carinho sem igual.
Lembro das suas tardes no ponto de táxi, conversando e rindo com os amigos e o respeito que a cidade toda tinha por ele. E o orgulho de carregar a neta e apresentar a todos como "seu sangue", o que me dava uma sensação especial de pertencer a um mundo mágico onde só com ele era possível acessar.
Eu o amo tanto que nem sei como expressar pois o alcance se torna mínimo, as palavras frágeis, tudo fica pequeno quando se fala dele. Porque o que aprendi com ele, meu grande mestre, foi na troca, na brincadeira, na risada, na mão dada, na caçamba da caminhonete, na força da palavra firme, num silêncio. Acima de tudo, aprendi com ele no exemplo, onde palavras, atitudes e sentimentos estavam alinhados, um homem íntegro cuja presença nos levava junto sem nenhum esforço. Um respeito tão natural e sem medidas de uma afinidade que vai além, não se explica. Nunca levei uma bronca, nunca sequer brigamos. O que sempre prevaleceu foi gratidão e amor. Ação no fio do bigode, italiano de gênio forte e coração sem tamanho. Com ele entendi o real significado de hombridade.
Meu agradecimento profundo por tudo, tudo meu avô que você ofereceu. Levarei comigo esse legado precioso por toda a vida e espero, ao fim dela, ter tido ao menos uma parte da dignidade da sua.
Meu amor a você, Ângelo Dario Marcuzzo.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
Dignidade, sempre
Semana nova, graças a Deus.
A passada trouxe muitos aprendizados dentro da "gosma". E eu, que não sou artista, nem dondoca, nem nada, cansei.
Cansei de um montão de coisas e dizer pra si mesma e principalmente aos demais que vc cansou sem impacto nenhum é quase impossível. Então mais uma vez, causei.
Mas desta vez foi diferente.
Alívio bom no peito, e aquela força que quem experimenta a verdadeira dignidade sabe do que eu estou falando.
Chega de palavras vazias, quem nada quer dizer, um blá blá blá de bajulação e superficialidade.
Chega de cair no conto das aparências, nas referências dadas e mostradas que não passam de ilusão. Quero ver "no fio do bigode", me mostre a que veio.
Chega de ser feita de besta por ser do bem, não sou boazinha (tenho medo de gente boazinha), eu sou do bem, a favor do bem, e faço um trabalho intenso todo dia pra ser melhor comigo e com os outros, então por favor me respeite.
Chega de malandragem, hipocrisia, e um montão de coisas que a gente concorda por preguiça de pensar, por ser mais fácil, dar menos trabalho e que não nos expõe. Vamos nos expor de peito aberto, mas com muita cautela e com muito conteúdo.
Depois de decretado tudo isso...
Na mesa de um bar em mais um papo deliciosamente filosófico e sensível (como é bom conversar com gente pensante!!), depois de tirar a armadura da batalha, ahhhhhhh.... lembrar.
Lembrar o que mais me ilumina e fascina nas pessoas: a pureza.
Aquela luz que brota de gente autêntica e emana dignidade.
Lembrei de cada ser que conheço há anos e há pouco tempo que me inspira. Que vive dignamente.
Essas pessoas comuns, amigas, acessíveis, que atendem o telefone e dispensam churumelas.
Essas pessoas que buscam, pagam o preço, fazem diferente e estão aqui do lado. Não é o máximo? Não é um luxo??
Gente comprometida. Gente que se conhece, se aceita e divide alegrias e fraquezas como divide o pão.
Ah, gente que divide o pão... coisa tão antiga mas fora de moda.
E hoje recebo um e-mail surpreendente de amigo blogueiro que resolve homenagear seus mestres.
Tenho falado sobre os meus aqui. E não me custa nada falar mais.
Estou contigo Gu, blogueiros, uni-vos! Mais humanidade nesse mundo virtual!
Há muito estava seca, agora chove torrencialmente aqui.
Isso é mais que um privilégio, é uma benção.
Obrigada queridos mestres.
A passada trouxe muitos aprendizados dentro da "gosma". E eu, que não sou artista, nem dondoca, nem nada, cansei.
Cansei de um montão de coisas e dizer pra si mesma e principalmente aos demais que vc cansou sem impacto nenhum é quase impossível. Então mais uma vez, causei.
Mas desta vez foi diferente.
Alívio bom no peito, e aquela força que quem experimenta a verdadeira dignidade sabe do que eu estou falando.
Chega de palavras vazias, quem nada quer dizer, um blá blá blá de bajulação e superficialidade.
Chega de cair no conto das aparências, nas referências dadas e mostradas que não passam de ilusão. Quero ver "no fio do bigode", me mostre a que veio.
Chega de ser feita de besta por ser do bem, não sou boazinha (tenho medo de gente boazinha), eu sou do bem, a favor do bem, e faço um trabalho intenso todo dia pra ser melhor comigo e com os outros, então por favor me respeite.
Chega de malandragem, hipocrisia, e um montão de coisas que a gente concorda por preguiça de pensar, por ser mais fácil, dar menos trabalho e que não nos expõe. Vamos nos expor de peito aberto, mas com muita cautela e com muito conteúdo.
Depois de decretado tudo isso...
Na mesa de um bar em mais um papo deliciosamente filosófico e sensível (como é bom conversar com gente pensante!!), depois de tirar a armadura da batalha, ahhhhhhh.... lembrar.
Lembrar o que mais me ilumina e fascina nas pessoas: a pureza.
Aquela luz que brota de gente autêntica e emana dignidade.
Lembrei de cada ser que conheço há anos e há pouco tempo que me inspira. Que vive dignamente.
Essas pessoas comuns, amigas, acessíveis, que atendem o telefone e dispensam churumelas.
Essas pessoas que buscam, pagam o preço, fazem diferente e estão aqui do lado. Não é o máximo? Não é um luxo??
Gente comprometida. Gente que se conhece, se aceita e divide alegrias e fraquezas como divide o pão.
Ah, gente que divide o pão... coisa tão antiga mas fora de moda.
E hoje recebo um e-mail surpreendente de amigo blogueiro que resolve homenagear seus mestres.
Tenho falado sobre os meus aqui. E não me custa nada falar mais.
Estou contigo Gu, blogueiros, uni-vos! Mais humanidade nesse mundo virtual!
Há muito estava seca, agora chove torrencialmente aqui.
Isso é mais que um privilégio, é uma benção.
Obrigada queridos mestres.
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