"Ouvir é o princípio de tudo.
Imagine que toda essa música está aqui de verdade
Em todos os cantos, vibrando, pronta para ser absorvida.
Só é preciso ouvir, estar pronto para absorvê-la."
Lindo filme sueco, dirigido por Kay Pollak.
Um maestro internacionalmente famoso interrompe sua carreira e volta para sua pequena cidade natal, ao norte da Suécia. Aí começa uma história que com certeza já vimos em outros filmes, alguém novo na cidade que desperta transformação nos outros e é também transformado através dessas relações. Com isso, todas as boas e más consequências que as quebras de padrões acabam por causar.
Mais um lindo exemplo do que é dar nascimento quando sabemos olhar além das barreiras da superfície. Quando nos conectamos uns com os outros a magia é possível, caminhamos para um outro nível de visão e os julgamentos se dissolvem como poeira no ar.
Assisti-lo me trouxe uma energia muito boa, aquele pequenino despertar de sonhos que ficam adormecidos. "Meu sonho é fazer uma música que abra o coração das pessoas." Isso é o que diz Daniel, o que o move mesmo sem saber como amar. Um homem fechado sedento por transformação. Imagino quantas pessoas estão assim e que precisam de apenas um olhar, um ouvido, ou um toque para nascer. Eu mesma fui e continuo sendo uma delas. Como alguém me escreveu uma vez "um cactus é interessante pois sua capacidade de reter água é sua potencialidade para matar a sede." A capacidade de Daniel de reter amor é a sua potencialidade de gerá-lo.
São muitas falas e cenas significativas, a cada abertura, a cada brilho que nascia eu me emocionava. Esse filme veio em tão perfeita hora, na hora em que eu busco meu próprio tom. Meu tom individual. No começo do filme, o coral que Daniel começa a reger na cidadezinha tem um tom só, um rebanho homogêneo, vivendo uma vida totalmente linear. Mas ao primeiro olhar que Daniel dá a essas pessoas, e na mesma medida recebe, todos começam a se abrir como se estivessem esperando por isso há tempos.
Ele diz, "Ache sua voz vibrando dentro de você, ela não está em nenhum outro lugar." Isso é o que tenho buscado e como a Lena, de vez em quando aperto meus olhos e posso enxergar asas nas pessoas. O que me motiva é um paraíso, um nirvana, um instante santo, ou qualquer coisa simples que dê sentido a um segundo. Ou a qualquer "58 segundos", como diz no filme.
Cansei de buscar perfeição e feitos homéricos. Quando acordo, um instante basta. Quando trabalho, uma inspiração basta. Com os amigos, uma boa companhia basta. Com um homem, um olhar basta. Numa casa nova, uma varanda basta.
Hoje bastou esse filme. Ele me lembrou das minhas aspirações mais profundas, as motivações mais genuínas. Eu quero com meu trabalho abrir o coração das pessoas.
E no fim das contas, todas as experiências são como aprender a andar de bicicleta.
" Fly with me and take the skies
Close your eyes and feel the way
You and I will live to see
When we reach the sky you'll find..."
P.S: Dedico ao Edu. Por desejar profundamente e com muita compaixão que ele encontre da forma mais bela possível seu tom individual.
Dedico a Mila, pela amizade disponível rs.
Dedico a Isabelle pela sensibilidade.
2 comentários:
Parabens!Tinha ouvido falar do filme e voce acrescentou a ele um texto sensivel e inteligente
Grata Sara!
Namastê
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