Assisti a P.S: Eu te amo. O filme é super romântico, chega até a um certo extremo, com personagens bem esteriotipados. Mas é uma delícia de assistir, revi falas, anotei, curti.
Esse filme me inspirou a contar uma história real, que após alguns anos de distanciamento, posso pedir que tenha alguma credibilidade, porque o que vou contar não é um fechamento mas a forma de sentir e olhar um dos fatos mais marcantes da minha vida.
Eu o conheci com 18 anos. Ele era universitário e a noite garçom de um bar onde os carinhas da faculdade faziam bico para paquerar e ter uma graninha extra. Eu tinha terminado uma relação há alguns meses e desejava um cara mais velho e maduro pra mim. E se ele tivesse cabelo comprido, melhor. Bem, esse cara era ele. Quando o vi, tive certeza que era com ele que ia me casar. Não conseguia explicar, nada me desencorajava e tudo fluiu a partir dali, começando com um beijo na cozinha, bilhetinhos nas comandas até o dia em que dei meu telefone verbalmente e pensei que nunca mais iria vê-lo pois o bar ia fechar.
Ele ligou, anos depois nos casamos.
Vivi um amor romântico absolutamente correspondido em cores, cheiros, sabores e texturas. Crescemos juntos, cortamos o cabelo juntos, entramos para o mundo adulto juntos. Planejamos nossa casa, nosso casamento e nossa lua de mel tão desejada. Ele sempre queria realizar meus sonhos, fossem concretos ou abstratos. Dizem que eu o conheci como ninguém, disso não estou muito certa, mas que estivemos em outra dimensão juntos, isso com toda certeza. Eu era chata a maior parte do tempo (praticamente uma Holly) com minhas confusões, e confusão foi o que não faltou nessa relação. Mas nós seguimos em frente até o momento em que o amor romântico teve que morrer. O momento em que não se sustenta mais sermos apelidos, poesias, abstrações e idílios apenas. Temos que ser carne e osso, também.
Sofri muito com o rompimento embora por uma graça divina não lembre tanto dos detalhes sórdidos. Odiei esse cara, ele nunca poderia ter mentido pra mim, queria que ele sentisse o que havia feito em dobro. Mas isso não durou muito, mais uma vez tive sorte, e é aí que minha história tange o filme.
Ele pareceu preparar minha vida para que eu seguisse sem ele. Nossa separação foi impressionante, para amigos, parentes e advogados, ninguém entendia como não havia conflito, principalmente em relação ao material. Não que não tenhamos brigado por isso também, mas não sei, tenho sorte. Tenho muita sorte. Vivi onze anos com um homem íntegro em princípios, dedicado, brilhante, culto, divertido e de um coração sem limites. Tive a honra de tê-lo como marido, um homem que mesmo perdido em si mesmo queria muito me fazer feliz (mesmo que fosse na concepção do que ele achava ser o mais feliz pra mim). E isso prosseguiu na separação. Ele me deixou amparada, não mediu esforços, não contou moedas, me incentivou nas questões práticas e sempre foi muito claro: "Em relação a sentimentos não consigo te ajudar, não me peça isso". Nunca deixou de atender um telefonema meu, mesmo na fase em que eu ligava só pra xingá-lo.
Como Gerry disse no filme "Não é de mim que quero que você não esqueça, mas da garota espontânea que você é." Em alguns e-mails que ele mandou já separados era como se dissesse "Não é do que aconteceu com a gente que quero que você lembre e sim da mulher verdadeira que você é." Ele ressaltava as mesmas qualidades positivas de quando estávamos juntos para as pessoas que conviveram com a gente, como se o tempo todo ao invés de revida, ele quisesse reafirmar o positivo pra que eu saisse daquele transe. E não é isso, apenas, que podemos fazer por quem amamos na hora de partir? Partir limpo, sem querer poupar o sofrimento mas oferecer um olhar, mesmo que distante, um amparo mesmo que provisório, e uma compaixão mesmo que difícil.
Escrevo isso abertamente porque faz parte de mim homenagear essa história mais uma vez porque dentre tantas poeiras levantadas é uma das grandes coisas das quais me orgulho e me sinto feliz. E pra dizer pra vocês que isso é possível sim! Não há fantasia no que relatei aqui. Não há romance. Existe vida após o rompimento e existe algo maior entre duas pessoas que pode transformar relações passadas em carinho, admiração e respeito. Isso depende da condução dos dois ou as vezes de um mais lúcido até que o outro retome por si só a sua própria lucidez.
Houve um tempo em que a competição era o mais importante pra mim. Mostrar que eu estava melhor, que eu superaria rápido, que ele sofreria e que havia muitos homens melhores que ele. Há muito tempo essa competição não me interessa e isso não é privilégio dele, essa competição não me interessa com ninguém mais. Não há perdedores nem ganhadores, há uma vivência intensa de cada um a sua maneira. Ele deu algumas coordenadas e eu andei sozinha pra poder estar aqui como estou. E como diz no filme, descobri que sempre estaremos sós e que o conforto é que por essa mesma condição estaremos todos sempre juntos nisso tudo. E que posso me olhar com os olhos dos meus antigos amores sem precisar que estejam por perto, pois tudo está aqui.
Márcio, por hoje agradeço a mulher que você me tornou, o seu amor por mim mexeu, transformou, me fez brilhar e crescer (mesmo dentro da dor) e ao contrário do que muitos disseram depois, isso não me prejudicou. Eu me prejudiquei por pensar que a vida era assim romântica sempre e que você estaria sempre por perto. Quando despertei disso, voei. E deixei você voar.
Mas o que eu quero realmente dizer é, não sinta mais culpa. Eu fui a pain in the ass com você também, não consegui te dar tanto carinho quanto você queria e precisava, nem ser a mulher que hoje eu sei que sou. Me desculpe pelas faltas e solidões, indiferenças, descasos, agressividades. Perdoemo-nos, a gente pensava que o mundo seria sempre aquilo, nunca poderíamos enxergar outras coisas sem romper. Perdoemo-nos e voemos, há muitas possibilidades mesmo depois da morte. Podemos sorrir ao nos encontrarmos, isso é real.
Muito obrigada por tudo, você foi sem dúvida, um dos principais e mais bonitos capítulos da minha breve existência. Como você escreveu uma vez "A realidade olha pra mim como um girassol com a cara dela no meio"- Fernando Pessoa.
Esse filme me inspirou a contar uma história real, que após alguns anos de distanciamento, posso pedir que tenha alguma credibilidade, porque o que vou contar não é um fechamento mas a forma de sentir e olhar um dos fatos mais marcantes da minha vida.
Eu o conheci com 18 anos. Ele era universitário e a noite garçom de um bar onde os carinhas da faculdade faziam bico para paquerar e ter uma graninha extra. Eu tinha terminado uma relação há alguns meses e desejava um cara mais velho e maduro pra mim. E se ele tivesse cabelo comprido, melhor. Bem, esse cara era ele. Quando o vi, tive certeza que era com ele que ia me casar. Não conseguia explicar, nada me desencorajava e tudo fluiu a partir dali, começando com um beijo na cozinha, bilhetinhos nas comandas até o dia em que dei meu telefone verbalmente e pensei que nunca mais iria vê-lo pois o bar ia fechar.
Ele ligou, anos depois nos casamos.
Vivi um amor romântico absolutamente correspondido em cores, cheiros, sabores e texturas. Crescemos juntos, cortamos o cabelo juntos, entramos para o mundo adulto juntos. Planejamos nossa casa, nosso casamento e nossa lua de mel tão desejada. Ele sempre queria realizar meus sonhos, fossem concretos ou abstratos. Dizem que eu o conheci como ninguém, disso não estou muito certa, mas que estivemos em outra dimensão juntos, isso com toda certeza. Eu era chata a maior parte do tempo (praticamente uma Holly) com minhas confusões, e confusão foi o que não faltou nessa relação. Mas nós seguimos em frente até o momento em que o amor romântico teve que morrer. O momento em que não se sustenta mais sermos apelidos, poesias, abstrações e idílios apenas. Temos que ser carne e osso, também.
Sofri muito com o rompimento embora por uma graça divina não lembre tanto dos detalhes sórdidos. Odiei esse cara, ele nunca poderia ter mentido pra mim, queria que ele sentisse o que havia feito em dobro. Mas isso não durou muito, mais uma vez tive sorte, e é aí que minha história tange o filme.
Ele pareceu preparar minha vida para que eu seguisse sem ele. Nossa separação foi impressionante, para amigos, parentes e advogados, ninguém entendia como não havia conflito, principalmente em relação ao material. Não que não tenhamos brigado por isso também, mas não sei, tenho sorte. Tenho muita sorte. Vivi onze anos com um homem íntegro em princípios, dedicado, brilhante, culto, divertido e de um coração sem limites. Tive a honra de tê-lo como marido, um homem que mesmo perdido em si mesmo queria muito me fazer feliz (mesmo que fosse na concepção do que ele achava ser o mais feliz pra mim). E isso prosseguiu na separação. Ele me deixou amparada, não mediu esforços, não contou moedas, me incentivou nas questões práticas e sempre foi muito claro: "Em relação a sentimentos não consigo te ajudar, não me peça isso". Nunca deixou de atender um telefonema meu, mesmo na fase em que eu ligava só pra xingá-lo.
Como Gerry disse no filme "Não é de mim que quero que você não esqueça, mas da garota espontânea que você é." Em alguns e-mails que ele mandou já separados era como se dissesse "Não é do que aconteceu com a gente que quero que você lembre e sim da mulher verdadeira que você é." Ele ressaltava as mesmas qualidades positivas de quando estávamos juntos para as pessoas que conviveram com a gente, como se o tempo todo ao invés de revida, ele quisesse reafirmar o positivo pra que eu saisse daquele transe. E não é isso, apenas, que podemos fazer por quem amamos na hora de partir? Partir limpo, sem querer poupar o sofrimento mas oferecer um olhar, mesmo que distante, um amparo mesmo que provisório, e uma compaixão mesmo que difícil.
Escrevo isso abertamente porque faz parte de mim homenagear essa história mais uma vez porque dentre tantas poeiras levantadas é uma das grandes coisas das quais me orgulho e me sinto feliz. E pra dizer pra vocês que isso é possível sim! Não há fantasia no que relatei aqui. Não há romance. Existe vida após o rompimento e existe algo maior entre duas pessoas que pode transformar relações passadas em carinho, admiração e respeito. Isso depende da condução dos dois ou as vezes de um mais lúcido até que o outro retome por si só a sua própria lucidez.
Houve um tempo em que a competição era o mais importante pra mim. Mostrar que eu estava melhor, que eu superaria rápido, que ele sofreria e que havia muitos homens melhores que ele. Há muito tempo essa competição não me interessa e isso não é privilégio dele, essa competição não me interessa com ninguém mais. Não há perdedores nem ganhadores, há uma vivência intensa de cada um a sua maneira. Ele deu algumas coordenadas e eu andei sozinha pra poder estar aqui como estou. E como diz no filme, descobri que sempre estaremos sós e que o conforto é que por essa mesma condição estaremos todos sempre juntos nisso tudo. E que posso me olhar com os olhos dos meus antigos amores sem precisar que estejam por perto, pois tudo está aqui.
Márcio, por hoje agradeço a mulher que você me tornou, o seu amor por mim mexeu, transformou, me fez brilhar e crescer (mesmo dentro da dor) e ao contrário do que muitos disseram depois, isso não me prejudicou. Eu me prejudiquei por pensar que a vida era assim romântica sempre e que você estaria sempre por perto. Quando despertei disso, voei. E deixei você voar.
Mas o que eu quero realmente dizer é, não sinta mais culpa. Eu fui a pain in the ass com você também, não consegui te dar tanto carinho quanto você queria e precisava, nem ser a mulher que hoje eu sei que sou. Me desculpe pelas faltas e solidões, indiferenças, descasos, agressividades. Perdoemo-nos, a gente pensava que o mundo seria sempre aquilo, nunca poderíamos enxergar outras coisas sem romper. Perdoemo-nos e voemos, há muitas possibilidades mesmo depois da morte. Podemos sorrir ao nos encontrarmos, isso é real.
Muito obrigada por tudo, você foi sem dúvida, um dos principais e mais bonitos capítulos da minha breve existência. Como você escreveu uma vez "A realidade olha pra mim como um girassol com a cara dela no meio"- Fernando Pessoa.
5 comentários:
Girassol,
Não sou muito fã desses romances, mas confesso que adorei esse filme. Tem trechos e frases belíssimos...
Seu texto, como parece estar acontecendo com freqüência, 'coincidiu' com uma série de outras coisas que estão acontecendo na minha vida agora. Texto aliás, que vou repassar pra outras pessoas que parecem estar no mesmo barco... rs
Hoje resolvi reler algumas coisas do Pablo Neruda que tenho guardadas, e pensei, 'vou postar esse aqui... tudo haver com o momento de agora...'. O poema começa assim: "Ainda não estou preparado para perder-te./Ainda não estou preparado para que me deixes só." Aí, li seu post, lembrei das coisas que tenho escutado ultimamente no Templo (eles têm batido sempre na tecla de que tudo sempre tem um final, e eu tenho aversão à finais), e desisti... A gente nunca está preparada, não é?
Linda e rica a sua história... que coisa mais maravilhosa poder carregar uma história assim. Muito obrigada pelo texto que veio na hora certa...
beijos
Absurdamente lindo. Escrito em repouso, sem agitação, sem noção de vitória ou derrota, total AMOR FATI, aceitação da vida em toda sua crueldade e beleza.
Bjo, Alê!
Obrigada a vcs pelos comentários lindos.
Kelly, que bom que essa parte de mim possa ajudar de alguma forma com os momentos seus e de outras pessoas. Sim, nunca estamos preparados pra perder, e digo quando a gente aprende que não há perdedores nem vencedores é uma dádiva.
Por carregar histórias assim também sou o que sou e como sempre digo tenho muita sorte. Todos nós temos, é só saber olhar.
Gu,
Vc disse tudo, foi um momento de muita aceitação e repouso profundo que tive para poder escrever assim tão abertamente, que bom que vc gostou.
bjs pra vcs dois!
o Gu já disse absurdamente lindo mas não dá pra não deixar d repetir isso!
absurdamente lindo!!!!!!
e o reconhecimento d q tudo está ali, d q vc é toda: menina-moça-mulher, com ou sem o Márcio, com ou sem um outro, é livre - absolutamente livre em suas escolhas é muito bonito.
é uma acolhida d carinho q muitas vezes a gente se esquece d ter com a gente mesma.
éh, Alê: vc é uma alma-amiga, das poucas q conheci até hj. obrigada demais por compartilhar.
bjs,
myla
bom adorei o filme e li a historia e adorei a forma como você conseguiu encontrar-se a si mesma sei que não tenho nada de experiencia como vocês mais um relacionamento a distancia eu moro no ceará e a garota que eu amo mora em são paulo larguei ja de meu emprego por ela, na verdade eu ja estava querendo sair do emprego ela foi como um anjo que deu um empurrãozinho para eu correr em busca de meus sonhos, bom ela entrou em minha vida assim de uma forma arrebatadora eu não sei explicar eu achei ela diferente das outras garotas, e eu me apaixonei por ela nós já estamos há 1 ano juntos, eu e ela somos muito timidos nós estamos fazendo as coisas muito devagar estamos nos conhecendo aos poucos, mas confesso que quanto mais conheço mais me apaixono, as vezes a saudade aperta pego um foto dela e começo a chorar vendo seu lindo olhar, bom a partir do momento em que conheci essa garota descobrir o que é amar e ser amado de verdade, as vezes tenho medo dela sair andando na rua e encontrar um cara bonito e gostar desse cara e me esquecer, mas tenho o conforto em meu coração quando ela diz eu te amo bom gente espero que vocês tenha gostado da minha historia que ainda estar començando, bom eu tenho 21 anos e minha namorada 19, comentarios de vocês eu achei muito bonitos, achei que podia contar o que estava sentindo aqui.
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