domingo, 22 de abril de 2007
Tentando juntar muitas peças
Essa semana ouvi de uma pessoa: O verdadeiro poder está em saber resistir as satisfações imediatas em prol de algo maior que elas. Seria o posso fazer, ter, estar mas não quero porque isso apenas vai me satisfazer por alguns minutos.
Segundo essa pessoa, a verdadeira satisfação vem dos desafios superados e a real sensação de poder pessoal de cada pequeno desafio que superamos a cada dia, inclusive os do posso mas não quero.
Paralelamente li na Folha um artigo do Contardo Caligaris que fala que" pesquisa mostra que a culpa mais dolorosa é o lamento por não termos agido como queríamos". Dentro desse outro raciocínio poderia ser o quero, mas por algum motivo não posso.
Falo sobre isso porque tem sido uma das grandes reflexões pra mim. Isso se mistura a uma série de outras questões que no fundo desembocam na mesma dúvida: o agir pelo coração simplesmente deve ser em que momento? E o racionalizar em qual outro? (Apesar de ficar de antemão bem racional colocado dessa forma). Ceder aos impulsos para não se arrepender depois, ou ser sensata, para não fazer algo que se arrependa?
Minha vida tem sido um posso mas não quero salpicada de muitos quero mas não posso. E alguma culpa no meio.
Eu acredito que realmente o verdadeiro poder reside naquele em que conseguimos ter domínio de nós mesmos, principalmente do ego. É importante ter uma certa seletividade, um certo critério nas escolhas porque senão elas não seriam escolhas e sim impulsos. E não acredito hj que qdo decidimos verdadeiramente por impulso estamos em liberdade. Estamos em liberdade quando escolhemos com consciência.
Quando entra em cena o quero mas não posso, no meu caso, geralmente é por conta de limitações pessoais, de culpa sentida mais do que por fatores externos. Então chego a concluir que podemos qualquer coisa nessa vida, vencidos esses entraves anímicos, muito mais que os físicos e psicológicos. Quando a alma grita, nem a psique segura. Quando a alma voa, o físico perde sua soberania. (Lembrei daquela maravilhosa cena de Mar Adentro, ele deitado na cama mas andando na praia, voando sobre os campos...).
Aí entra o agir pelo coração, ele conecta com a alma. Então concluo que o senso mais comum de que agir pelo coração é por impulso, não confere com a minha leitura. Agir com o coração pra mim é agir de forma bem conectada com a alma, com muita consciência e isso pode até dar o impulso para alguma ação mas não é o impulso que aciona o coração.
Isso é um desafio e tanto. Silenciar a ponto de apenas ouvir o coração e a alma e aí tomar as grandes decisões da vida.
Na minha leitura do texto do Contardo, a culpa que vem do não ter agido como queríamos é do não ter agido pelo coração, pela alma. Então a cada momento de decisão seria bom perguntar a si mesmo: Quem te chama a agir? E talvez as chances de arrependimento e culpa diminuam muito.
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