segunda-feira, 17 de março de 2008

Delírios


"I think the world is gone insane, if you feel the same, we can just fly away!"

Paradoxo: o que tem me sustentado são sonhos e delírios.
Os sonhos ficam no ar, os delírios eu tenho realizado. Tenho escrito pouco talvez porque tenha vivido mais. As informações pulsam num nível sensorial e espiritual tão forte que as palavras não alcançam o que eu sinto. E as contradições e paradoxos são tão intensas que assim, soltas não fariam sentido pra nada e ninguém. Muito provavelmente ninguém vai entender do que eu falo e isso não é comunicar é escrever pra mim mesma. Mas acreditem, eu quero compartilhar com vocês o tanto de coisa que tenho experimentado mas não acredito que nesses dias seja possível.
Tive um bode temporário de tudo que é virtual. E ainda estou nessa ressaca... (olha o paradoxo, digo isso enqto escrevo num blog!) Eu falo do meu momento, nesse mundinho de 2x2 , mas hoje eu quero mais tudo que só ao vivo e em cores a gente tem. E aí as palavras ficam muito distantes, pequenas, limitadas.
Tenho descoberto o quanto ainda estou autocentrada e que escever demais por hora, reforça isso. Agora, na vida, no foco, na luta, um acontecimento atrás do outro vai puxando os tapetes. Mesmo assim tenho dançado horrores, as vezes acho que meu corpo nem me pertence mais! Sigo vivendo essas experiências, na pele, na alma, no coração. Tempos estranhos e belos. Perdas, muitas. Muitos resgates, novidades e surpresas também. Descoberta do quanto eu estava equivocada a meu respeito e a muitos acontecimentos da minha vida. O quanto tenho sido dura comigo e com tantas outras pessoas.
Hoje, andando descalça na grama do parque, num horário em que o vento é fresco e o barulho é menor, tive a nítida sensação de que estou morrendo. Chorei um pouco. As bicicletas passavam e parecia que com elas iam relances de um passado que eu achava que era eu. Por um segundo me senti invisível. E dentro de mim, dia a dia dói um pouquinho a sensação de nascer. Como é nascer sem tudo que eu acreditava firmemente? Como é nascer sozinha? Como é ficar sem um olhar ou uma mão pra me apoiar? Como é nascer, simplesmente? Dá medo, tanto medo que o peito enche, explode, respiro e posso afirmar no dia de hoje que com tão pouco que me resta eu nunca fui tão absurdamente livre. Sem filosofia nem explicação. Me sinto livre, capaz de mudar de direção a qualquer instante, capaz de aguentar frustrações, capaz de me prostrar e me erguer. Mas não se enganem porque essa liberdade também dói.

Delirem em consciência, sonhem esse sonho. Mas pessoas, por favor vivam de uma forma mais autêntica, vivam! Porque no final das contas é melhor morrer antes de morrer.

E que descanse em paz...



P.S: Dedico esse post ao Preto. Um gatinho muito tranquilo, de olhos verdes lindos, que morreu domingo na caminha dele como se estivesse dormindo.

P.S2: A casa está vazia e as janelas estão abertas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi... Tem alguns meses que venho acompanhando o seu Transmutando, diria ser ele o Único "blog". Pois Você não escreve muito, mas quando o faz - São Explosões! Fisgadas em Nossas Emoções! Rasteiras no Pensamento!. Entre um "Delírio e Outro", continue por favor a Escrever e assim regando nossos Corações.

Alê Marcuzzi disse...

Hermes muito obrigada por ter comentado agora já que há muito vc vem acompanhando esse blog.
Seu comentário me fez reconsiderar a importância do "virtual", e se minhas palavras podem regar o coração de alguém, com certeza o meu está sendo regado.

Apareça mais por aqui, essa troca é a única proposta da minha exposição.

Abraço

Girassol