"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa
Chegou o momento.
Antes era um pouco mais fácil, não por força, sabedoria, mas por condições favoráveis. Era mais fácil estar a sós comigo quando os fatores externos colaboravam, de certa forma eles "anestesiavam" a inquietação interna, dando uma impressão superficial de que tudo estava fluindo e bem. Hoje descubro que não era bem assim, era muito mais fácil estar comigo porque meus desejos eram atendidos numa velocidade mais de acordo com minhas expectativas, meu ego tava confortável pois bem nutrido e eu achava que estava "bem resolvida".
Há um tempinho isso vem mudando. A impermanência ou tem sido maior e mais frequente ou eu só passei a notar quando comecei a tropeçar demais... Os confortos externos se não foram retirados de alguma forma, foram transformados para alguma coisa com a qual eu não poderia contar. As pessoas, se não foram embora, estavam perto demais para que eu pudesse vê-las então dava na mesma, acabava vendo mais a mim mesma.
Chegou o momento.
Há um tempinho isso vem mudando. A impermanência ou tem sido maior e mais frequente ou eu só passei a notar quando comecei a tropeçar demais... Os confortos externos se não foram retirados de alguma forma, foram transformados para alguma coisa com a qual eu não poderia contar. As pessoas, se não foram embora, estavam perto demais para que eu pudesse vê-las então dava na mesma, acabava vendo mais a mim mesma.
Dia após dia eu parecia estar no enredo de um filme dos irmãos Cohen, sucessões de ironias, muitas sem nenhuma graça mas a minha própria era a mais infeliz.
No começo isso pesou, como tudo podia mudar assim? O que eu tinha feito? Que karma estava atuando? Enfim, mil perguntas controladoras que não chegavam a lugar algum.
Na fase seguinte, comecei a me divertir. Uma rasteira atrás da outra e de tão impotente não podia mais fazer nada a não ser sentar no chão e rir. Começou a ficar muito cômico o que nunca foi trágico, a saga de mim comigo mesma que eu não tinha notado que estava apenas começando...
Hoje lá pelo capítulo 20, depois de algumas boas situações favoráveis, do ego brincar de estica e solta, depois de me machucar um pouco com decisões equivocadas e de ir ao topo com outras tantas maravilhosas, cá estou a sós.
Eu tenho me chamado muito desde o começo do ano. Uma hora pelo físico, outra pelo emocional, mas agora no clímax, pela alma. E dessa nunca consegui escapar.
Está dolorido, está pleno, está confuso. A última dessas me fez dar uma virada graus e mudar de profissão. Não vou negar que estou com medo, muito mais do que sou capaz do que do que pode me faltar, mas mal espero pra me atirar no precipício.
Não a toa a melhor coisa desses dias é poder mergulhar no rio gelado, no escuro, sempre que posso. Tenho procurado o escuro e qualquer coisa que me faça perder o controle sem me perder, sem escuridão não vejo vagalumes!
A natureza mais uma vez e sempre é minha mãe, meu pai, eu mesma. Ela me motiva, me abraça, me sacode e me devolve lucidez.
Ainda assim, não está fácil ficar a sós comigo. Mas eu desejo tanto esse encontro (tanto quanto eu admirava quem entrava no rio gelado e eu colocava só a ponta dos pés...) que no fundo eu sei que a hora em que eu me atirar, não vou querer sair tão cedo.
Esse é o momento, essa verdade é muito difícil de enfrentar.
O que você quer, afinal?
No começo isso pesou, como tudo podia mudar assim? O que eu tinha feito? Que karma estava atuando? Enfim, mil perguntas controladoras que não chegavam a lugar algum.
Na fase seguinte, comecei a me divertir. Uma rasteira atrás da outra e de tão impotente não podia mais fazer nada a não ser sentar no chão e rir. Começou a ficar muito cômico o que nunca foi trágico, a saga de mim comigo mesma que eu não tinha notado que estava apenas começando...
Hoje lá pelo capítulo 20, depois de algumas boas situações favoráveis, do ego brincar de estica e solta, depois de me machucar um pouco com decisões equivocadas e de ir ao topo com outras tantas maravilhosas, cá estou a sós.
Eu tenho me chamado muito desde o começo do ano. Uma hora pelo físico, outra pelo emocional, mas agora no clímax, pela alma. E dessa nunca consegui escapar.
Está dolorido, está pleno, está confuso. A última dessas me fez dar uma virada graus e mudar de profissão. Não vou negar que estou com medo, muito mais do que sou capaz do que do que pode me faltar, mas mal espero pra me atirar no precipício.
Não a toa a melhor coisa desses dias é poder mergulhar no rio gelado, no escuro, sempre que posso. Tenho procurado o escuro e qualquer coisa que me faça perder o controle sem me perder, sem escuridão não vejo vagalumes!
A natureza mais uma vez e sempre é minha mãe, meu pai, eu mesma. Ela me motiva, me abraça, me sacode e me devolve lucidez.
Ainda assim, não está fácil ficar a sós comigo. Mas eu desejo tanto esse encontro (tanto quanto eu admirava quem entrava no rio gelado e eu colocava só a ponta dos pés...) que no fundo eu sei que a hora em que eu me atirar, não vou querer sair tão cedo.
Esse é o momento, essa verdade é muito difícil de enfrentar.
O que você quer, afinal?
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