Tudo começou com uma falta de ar, peito dolorido, desespero, limite de situações que achava que devia e podia suportar. Querendo resolver sozinha, fui além do que precisava e isso só me trouxe a lição do tamanho da ignorância e não da força.
Eis que a roda gira, gira e vai pra cima de novo... Como sempre, de onde eu menos espero, vem o ombro, a mão, a clareza instantânea. Quando eu menos esperava veio tudo que uma pessoa pode precisar pra colocar a cabeça fora d' água de novo.
Segundo um terapeuta amigo, quando acontecem coisas que a gente menos espera, seja pra bem ou pra mal, normalmente nossa visão estava distorcida, pois tudo guarda em si um mundo de potencialidades que estão totalmente acessíveis aos nossos olhos.
Numa conversa com uma amiga, recebi um chacoalhão que me fez acordar do meu orgulho. Sim, meu orgulho de pedir ajuda, de ficar muito vulnerável, sendo que isso era o que estava me angustiando! Como um portal mágico, no momento em que eu retomei o fôlego e decidi agir apesar do orgulho, a névoa se dissolveu.
O mais importante foi a lição de valor da solidariedade que recebi dos braços abertos quando o fundo do poço parecia ter chegado. Não foi o prático e concreto simplesmente, mas o significado da atitude. Pessoas que estão tão distantes atualmente e com problemas muito mais graves foram capazes de parar, olhar por mim e ver o que eu não conseguia. O que fizeram foi como me dar banho, trocar minha roupa, e me colocar na cama pra dormir depois de um tempo sem muito rumo. Nem sei como retribuir, mas o mais valioso foi o quanto isso me inspirou a fazê-lo por outras pessoas. A partir desse momento, comecei a observar um tanto mais o que podia fazer por alguém. Queria que outras pessoas sentissem o acolhimento e alegria que eu havia sentido. Talvez tenha conseguido fazer um pouquinho, e agora me basta sorrir por dentro e compartilhar algumas coisas aqui.
Quando já tinha encarnado a gata borralheira, consegui ir contente a festa esperada. Eu adoro Alceu Valença, não acreditei quando tocou "Anunciação". Do nada apareceu um moço e me tirou pra dançar sem pedir licença. "Eu não sei dançar", eu disse. "Eu sei, fica aqui", ele disse. Ele dançava tão leve que tenho certeza que a gente flutuou em meio a multidão. Acabou a música e a gente continuou abraçado, numa valsinha. Ele parou, segurou nos meus ombros e me olhou nos olhos. Ele viu mel nos olhos que eu vejo todo dia numa cor comum, ele viu mel e sorriu.
O que aconteceu foi como aquele baile de cidadezinha pequena em que a moça distraída nem vê o moço chegar. Depois vira brinquedo nos braços dele... O momento mais gostoso e leve de um dia que tinha começado tão estranho.
Assisto o filme "Once" (Apenas uma vez). História de um cantor de rua e uma garota que vendia flores que se conhecem, conectam, compartilham idéias, sonhos, companhia, e transformam profundamente suas vidas. Com as sutileza, naturalidade e leveza de um bom encontro, um filme simples e altamente inspirador. Caiu como uma luva para meu sentimento de que há tantas coisas invisíveis e belas aos nossos olhos e o quanto é precioso quando conseguimos, por um instante ver além do que é aparente. Mesmo que seja o lado mais escuro, conectar com o lado luminoso é a grande mágica, assim é possível a troca, que faz possível compartilhar, uma corrente está formada, a felicidade acontece.
Isso tudo pra dizer que me convenço cada vez mais sobre o valor das pequenas coisas. A grande luz que existe nos pequenos feitos, nos pequenos passos. Parece bobagem, mas na prática é muito intenso o que surge quando a gente consegue olhar para esses poucos momentos onde algo floresce, tem um outro cheiro, brilho, sabor.
Uma coisa curiosa é que ultimamente não me atraem tanto esses grandes feitos que as pessoas gostam de contar, grandes conquistas de alguns grandes egos. A simplicidade me atrai mais e mais, a palavra que sai da sabedoria daquele que não estudou, o carinho da mãe que vai ao supermercado pra você sabendo exatamente o que te falta, o zelo de alguém que faz o que você nem pediu e o faz além dela mesma. Flores colocadas num arranjo improvisado na sua cabeceira, só pra você acordar melhor.
Chego a conclusão que o compartilhar é o sentido da vida. Não somos nada, se depois não compartilhamos o que temos. Seja o pão, o afeto, a dança, o ombro, a dica.
Num show muito bom com apenas alguns no palco, olho ao redor e observo todas aquelas pessoas conectadas pela música, se divertindo em paz. Não há "cada um", mas uma multidão.
Penso: somos espelhos dessas estrelas no céu essa noite...
"Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais"
Anunciação - Alceu Valença
P.S: Dedicado a todas essas pessoas que fazem a vida do outro brilhar mais.
Eis que a roda gira, gira e vai pra cima de novo... Como sempre, de onde eu menos espero, vem o ombro, a mão, a clareza instantânea. Quando eu menos esperava veio tudo que uma pessoa pode precisar pra colocar a cabeça fora d' água de novo.
Segundo um terapeuta amigo, quando acontecem coisas que a gente menos espera, seja pra bem ou pra mal, normalmente nossa visão estava distorcida, pois tudo guarda em si um mundo de potencialidades que estão totalmente acessíveis aos nossos olhos.
Numa conversa com uma amiga, recebi um chacoalhão que me fez acordar do meu orgulho. Sim, meu orgulho de pedir ajuda, de ficar muito vulnerável, sendo que isso era o que estava me angustiando! Como um portal mágico, no momento em que eu retomei o fôlego e decidi agir apesar do orgulho, a névoa se dissolveu.
O mais importante foi a lição de valor da solidariedade que recebi dos braços abertos quando o fundo do poço parecia ter chegado. Não foi o prático e concreto simplesmente, mas o significado da atitude. Pessoas que estão tão distantes atualmente e com problemas muito mais graves foram capazes de parar, olhar por mim e ver o que eu não conseguia. O que fizeram foi como me dar banho, trocar minha roupa, e me colocar na cama pra dormir depois de um tempo sem muito rumo. Nem sei como retribuir, mas o mais valioso foi o quanto isso me inspirou a fazê-lo por outras pessoas. A partir desse momento, comecei a observar um tanto mais o que podia fazer por alguém. Queria que outras pessoas sentissem o acolhimento e alegria que eu havia sentido. Talvez tenha conseguido fazer um pouquinho, e agora me basta sorrir por dentro e compartilhar algumas coisas aqui.
Quando já tinha encarnado a gata borralheira, consegui ir contente a festa esperada. Eu adoro Alceu Valença, não acreditei quando tocou "Anunciação". Do nada apareceu um moço e me tirou pra dançar sem pedir licença. "Eu não sei dançar", eu disse. "Eu sei, fica aqui", ele disse. Ele dançava tão leve que tenho certeza que a gente flutuou em meio a multidão. Acabou a música e a gente continuou abraçado, numa valsinha. Ele parou, segurou nos meus ombros e me olhou nos olhos. Ele viu mel nos olhos que eu vejo todo dia numa cor comum, ele viu mel e sorriu.
O que aconteceu foi como aquele baile de cidadezinha pequena em que a moça distraída nem vê o moço chegar. Depois vira brinquedo nos braços dele... O momento mais gostoso e leve de um dia que tinha começado tão estranho.
Assisto o filme "Once" (Apenas uma vez). História de um cantor de rua e uma garota que vendia flores que se conhecem, conectam, compartilham idéias, sonhos, companhia, e transformam profundamente suas vidas. Com as sutileza, naturalidade e leveza de um bom encontro, um filme simples e altamente inspirador. Caiu como uma luva para meu sentimento de que há tantas coisas invisíveis e belas aos nossos olhos e o quanto é precioso quando conseguimos, por um instante ver além do que é aparente. Mesmo que seja o lado mais escuro, conectar com o lado luminoso é a grande mágica, assim é possível a troca, que faz possível compartilhar, uma corrente está formada, a felicidade acontece.
Isso tudo pra dizer que me convenço cada vez mais sobre o valor das pequenas coisas. A grande luz que existe nos pequenos feitos, nos pequenos passos. Parece bobagem, mas na prática é muito intenso o que surge quando a gente consegue olhar para esses poucos momentos onde algo floresce, tem um outro cheiro, brilho, sabor.
Uma coisa curiosa é que ultimamente não me atraem tanto esses grandes feitos que as pessoas gostam de contar, grandes conquistas de alguns grandes egos. A simplicidade me atrai mais e mais, a palavra que sai da sabedoria daquele que não estudou, o carinho da mãe que vai ao supermercado pra você sabendo exatamente o que te falta, o zelo de alguém que faz o que você nem pediu e o faz além dela mesma. Flores colocadas num arranjo improvisado na sua cabeceira, só pra você acordar melhor.
Chego a conclusão que o compartilhar é o sentido da vida. Não somos nada, se depois não compartilhamos o que temos. Seja o pão, o afeto, a dança, o ombro, a dica.
Num show muito bom com apenas alguns no palco, olho ao redor e observo todas aquelas pessoas conectadas pela música, se divertindo em paz. Não há "cada um", mas uma multidão.
Penso: somos espelhos dessas estrelas no céu essa noite...
"Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais"
Anunciação - Alceu Valença
P.S: Dedicado a todas essas pessoas que fazem a vida do outro brilhar mais.