terça-feira, 1 de maio de 2007
Contardo parte 1
"Quando eu me desespero
Lembro-me de que em toda a História
A verdade e o amor sempre venceram.
Houve tiranos e assassinos
E por um tempo eles pareciam invencíveis
Mas no final, sempre caem.
Pense nisso
Sempre."
Mahatma Gandhi
Li um texto interessantíssimo (como sempre o é) do Contardo Calligaris na folha de quinta passada.
O texto faz uma reflexão sobre " a procura da explicação revela mais sobre nós do que sobre o objeto de nossas investigações", partindo do episódio ocorrido em Virginia Tech, que todos estamos mais do que a par, estamos imersos no que há de nós nesse massacre.
Sugiro uma reflexão partindo de trechos do artigo, e vou começar de trás pra frente com um parágrafo que me tocou e iluminou:
"Naquela manhã fria, um professor, Liviu Librescu, 76 anos, judeu de origem romena, sobrevivente do genocídio, não hesitou em dar a vida para que impedir que o assassino entrasse na sala de aula. Com isso ele permitiu que vários estudantes se salvassem.
Somos fascinados pelas "razões" que levam alguém a cometer um horror. Por exemplo, há estantes de livros tentando entender porque os alemães comuns se tornaram, durante o nazismo, assassinos.
Seríamos justos com nossa espécie se, as vezes, colocássemos a pergunta inversa: como é possível que, no horror, quase sempre haja alguém que faz a coisa certa?"
Isso é muito lindo. Me lembra Gandhi, me lembra Jesus, me lembra Buda. Me lembra o Dalai Lama dizendo que se damos tanta importância aos atos negativos e eles são ressaltados na mídia é porque são excessões. Porque se fossem maioria não precisariam de destaque.
É muito bonito pensar assim. Que a iluminação acontece o tempo todo e um dos motivos de que os valores positivos estejam em maioria, que a luz seja maior que a sombra, é que estamos aqui. Porque tem gente que acredita e se guia por algo muito maior e mais espiritual. Porque há muita compaixão no mundo. Isso salva, vem salvando.
Eu tenho tido insights, provas, testes e comprovações no microcosmo da minha vida. A paz é muito grande dentro de mim quando elevo meus pensamentos e atitudes. Quando sigo firmemente um propósito baseado em missão, em conjunto e não só na minha única e exclusiva satisfação. Tenho lido que a melhor forma de neutralizar o medo é pelo amor. O amor dá uma percepção de amplitude, o medo é quando ficamos na nossa pequenez julgando ser esta de enorme importância.
Me emociona fazer essa pergunta : "Como é possível que no horror quase sempre haja alguém que faz a coisa certa?". Ela me tira da mediocridade, da mesquinhez, de fuçar tanto o horror, as negatividades desse mundo. Essa pergunta me colocou na esperança, na fé, na energia de pensar sobre vida.
E o que vale mais a pena nessa existência que fazer viver?
"É normal: quando acontece um horror, dormimos melhor com uma explicação.
Mas frequentemente, a procura das explicações revela mais sobre nós mesmos do que sobre o objeto de nossa investigação.
No caso, a explicação pelo caráter taciturno do atirador revela sobretudo como somos preocupados com nossa agressividade que preferrimos afogá-las num oceano de paavras vazias. Quem se cala nos perturba porque seu silêncio evoca tudo o que nós mesmos tentamos esconder atrás de nossa barulhenta "cordialidade" (inquietudes, medos, raivas, lubricidade etc.)
Ora, quando a "sociabilidade é um jogo obrigatório, quem não joga está fora, é um excluído. E numa sociedade que valoriza a inclusão, econômica ou convival, a exclusão é sempre explosiva."
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