" I have to tell you that is a relief to find someone who actually says what they're feeling and what they're thinking." Harvey Shine
(Eu tenho que te dizer que é um alívio encontrar alguém que realmente diz o que está sentindo e o que está pensando)
"Last Chance Harvey", traduzido como "Tinha de ser você" (tradução infeliz, aliás).
Dustin Hoffman e Emma Thompson estão excelentes nos papéis de Harvey e Kate. O melhor do filme não é sobre o que ele trata, mas como ele trata. É um filme que trata delicadamente as relações humanas em suas sutilezas.
Duas pessoas que se conhecem em momentos de vida sem muitas alternativas, momentos daqueles em que você se sente invisível, fracassado, sem rumo, com culpas, perdido (alguém aí sabe o que é isso? rs). Um detalhe interessante é que os protagonistas têm em média 50/60 anos e nesse caso as oportunidades parecem últimas chances, como os fracassos parecem o fim da linha. E por isso também o filme é muito belo, pois não oferece esperança, mas a visão da possibilidade sempre disponível de sermos transformados e transformarmos através do amor, tenha ele a forma que tiver, seja em qual momento for.
"- So how this is going to work, Mr. Shine?
Dedico a todos os preciosos amigos
(Eu tenho que te dizer que é um alívio encontrar alguém que realmente diz o que está sentindo e o que está pensando)
"Last Chance Harvey", traduzido como "Tinha de ser você" (tradução infeliz, aliás).
Dustin Hoffman e Emma Thompson estão excelentes nos papéis de Harvey e Kate. O melhor do filme não é sobre o que ele trata, mas como ele trata. É um filme que trata delicadamente as relações humanas em suas sutilezas.
Duas pessoas que se conhecem em momentos de vida sem muitas alternativas, momentos daqueles em que você se sente invisível, fracassado, sem rumo, com culpas, perdido (alguém aí sabe o que é isso? rs). Um detalhe interessante é que os protagonistas têm em média 50/60 anos e nesse caso as oportunidades parecem últimas chances, como os fracassos parecem o fim da linha. E por isso também o filme é muito belo, pois não oferece esperança, mas a visão da possibilidade sempre disponível de sermos transformados e transformarmos através do amor, tenha ele a forma que tiver, seja em qual momento for.
Uma das falas mais tocantes é o generoso discurso de Harvey para sua filha Susie, do fundo do seu orgulho e constrangimento:
" It's the children of divorce that suffer the most and she had her share of pain and disappointment (...) and this is a tribute to you Susan - it has served her well because she's somehow separated herself from the fracture of her birth family to become a strong, determined and independent woman. And yet you've kept your sensitivity and your vulnerability and your loveliness."
(São os filhos do divórcio que mais sofrem e ela teve sua parcela de dor e decepção (...) e este é um tributo a você Susan - isso serviu-lhe bem, porque de alguma forma ela separou-se da fratura de sua família de nascimento para se tornar uma mulher forte, determinada e independente. E ainda assim você manteve sua sensibilidade e sua vulnerabilidade e sua amabilidade)
(São os filhos do divórcio que mais sofrem e ela teve sua parcela de dor e decepção (...) e este é um tributo a você Susan - isso serviu-lhe bem, porque de alguma forma ela separou-se da fratura de sua família de nascimento para se tornar uma mulher forte, determinada e independente. E ainda assim você manteve sua sensibilidade e sua vulnerabilidade e sua amabilidade)
Tenho observado as relações humanas que chamo de "nutritivas," um dos motivos que me fez apreciar ainda mais esse filme. Ele me reafirmou a dádiva das verdadeiras conexões humanas e esse milagre acontece quando relaxamos para nos expormos e nos abrirmos ao outro de forma autêntica, ao mesmo tempo que o outro, aberto, nos vê e nos ouve e a conexão flui sem esforço e sem precisar de artifícios. A vida traz todos os dias muitas chances dessas conexões, mas como a maioria das vezes é numa forma comum e prosaica, e não como idealizamos, nós deixamos passar por simplesmente não vermos.
Mas se pararmos pra observar, como são pesadas as idealizações... Como pesam as relações em que ambos são bonecos interpretando o que pode ser que doa menos, não ter espaço pra ser você mesmo e estar despido das regras de felicidade para um senso comum tão raso... Como pesa tudo que queremos sustentar e nem sabemos para quê...
"I'm more confortable with being disappointed. I think I'm angry with you for trying to take that away." Kate
(Estou mais confortável em ser decepcionada. Eu acho que estou com raiva de você por tentar tirar isso)
(Estou mais confortável em ser decepcionada. Eu acho que estou com raiva de você por tentar tirar isso)
Aprendo com os protagonistas o que é o viver como se fosse sua última chance não por desespero, mas por despertar. Uma história linda, onde seres se acolhem, despertam juntos e dançam até cansar. E se cansam, tiram os sapatos e caminham juntos sem saber porque são ditas certas coisas. A bela incoerência de uma abertura pro outro sem que o conheça bem e a conexão foi feita sem que se saiba como. A deliciosa ignorância de não saber como, mas saber que está tudo bem, porque se está em casa, sendo o que se é.
E essa história não é mais bonita porque trata de um casal. Ela é linda porque trata de pessoas.
E como bem disse Contardo Calligaris "O diálogo que leva ao amor, que dá a cada um a vontade de se arriscar, não surge da sedução e do charme, mas da coragem de nos apresentarmos por nossas falhas, feridas e perdas. "
"- So how this is going to work, Mr. Shine?
- I have absolutely no idea. But it will."
(- Então como é que isto vai funcionar, Mr. Shine?
- Eu não faço a menor idéia. Mas vai.)
- Eu não faço a menor idéia. Mas vai.)
Dedico a todos os preciosos amigos